É comum vermos a coragem associada ao uso da força, à audácia e à intrepi- dez. Até mesmo atitudes violentas são consideradas coragem e bravura, en- quanto a doçura e a sensatez podem ser entendidas como sinônimo de fraqueza.

De fato, a coragem tem seu lado destemido, mas o verso bíblico de hoje co- loca essa virtude em um contexto incomum, de sofrimento e busca pela paz: “No mundo vocês vão sofrer; mas tenham coragem” (Jo 16:33). Na verdade, é preciso ser corajoso para lidar com o sofrimento e buscar a paz. No reino de Deus, corajoso de verdade é aquele que escolhe não fazer uso da violência, que tem coragem para se resignar, que não se rende aos impulsos instintivos.

Esse outro lado da coragem parece não combinar com uma época em que as pessoas atacam umas às outras com palavras ásperas, atitudes de descaso, injustiça, ofensa e trapaça. Nessas horas, é natural querer usar nosso lado supostamente corajoso e as mesmas atitudes duras para lidar com as situações. Mas o maior desafio é ter coragem de viver sem perder a ternura e a gentileza. Mesmo que essas características sejam entendidas no mundo como fraqueza, para Deus são a mais pura expressão da verdadeira coragem.

Deus nos chama para uma vida em que é preciso coragem para confrontar o mal com o bem, coragem para assumir e suportar o fracasso, coragem para andar a segunda milha, para dar o outro lado da face e até para ser feliz.

A Palavra de Deus é a fonte da coragem do cristão. Ela é o combustível que reanima e transforma nossa energia para agir. A guerra do cristão não é vencida pela força. A vitória do cristão acontece, em primeiro lugar, na mente e no coração, nos quais toma-se a corajosa decisão de ficar ao lado de Deus na batalha do grande conflito. Que sua vitória, hoje, seja ganha pela coragem de usar a força e as armas de Cristo! O que fugir disso é mera tentativa de esconder a fraqueza humana.