Não há registros conhecidos de um esforço coletivo de caridade nos tempos antigos. A bondade desinteressada é considerada estranha aos povos da antiguidade. De tão incomum, esse tipo de procedimento foi um dos fatores pelos quais os cristãos eram denunciados ao Império Romano. Em uma de suas cartas, o imperador Juliano escreveu: “Os ímpios galileus alimentam, além dos seus pobres, também os nossos.” Mais tarde, a fim de ganhar popularidade, o imperador tentou implementar um programa de caridade à semelhança dos cristãos, mas não obteve sucesso.
Tempos depois, a Reforma Protestante potencializou os ideais de caridade, desinstitucionalizando sua prática. No paradigma católico medieval, a caridade era em grande parte realizada por monges ou pessoas ligadas à igreja. Entretanto, a partir da doutrina do sacerdócio de todos os crentes, os fiéis protestantes foram responsabilizados individualmente, fazendo com que muito mais pessoas fossem alcançadas pela compaixão. Um teólogo anglicano destacou, em 1588, que as igrejas calvinistas de refugiados em Londres foram capazes de fazer tanto bem que nenhum de seus pobres foi visto nas ruas mendigando.
A igreja de Jesus tem sido, no decorrer dos séculos, um modelo de compaixão e de auxílio aos necessitados, pois a Bíblia traz, em sua mensagem de justificação pela fé, a caridade como algo notável. É inegável: Jesus é a inspiração máxima do ideal de caridade, e Seus seguidores protagonizaram durante séculos o exercício dessa virtude. Penso que Ellen G. White sintetizou bem esse assunto quando escreveu que “o verdadeiro cristão é amigo dos pobres” (Beneficência Social, p. 115 [168]).
Desde os primeiros esforços de assistência aos pobres e doentes nas comunidades cristãs apostólicas até as modernas organizações internacionais de ajuda humanitária, o cristianismo tem desempenhado um papel fundamental na articulação e na prática da caridade. Essa relação intrínseca reflete o compromisso contínuo da fé cristã com os valores de compaixão, solidariedade e serviço ao próximo.
Viva esses valores em sua vida e represente Cristo no mundo que carece de verdadeira compaixão.