Minha esposa diz que eu sou alguém muito paciente. Ela se refere principalmente ao fato de eu demorar a me irritar com alguém. Acho que ela tem razão. Não costumo ter explosões de raiva, mesmo quando sou prejudicado. Porém, pelo menos em um episódio, eu me lembro de ter ficado fervendo por dentro.
Um dos diretores do internato em que trabalho veio até a minha sala conversar sobre a situação de alguns alunos. Entre eles havia quem estivesse com dificuldades acadêmicas, problemas de relacionamento e desrespeito às regras do colégio. Nada disso me deixou furioso.
Contudo, uma situação relatada me tirou do sério. Um aluno havia maltratado muito um filhote de quero-quero, até o bichinho não aguentar e morrer. Só de lembrar, meu sangue ferve. Fico me perguntado o que leva um ser humano a fazer algo assim com um animal indefeso.
Com um tom de reprovação, a Bíblia relata a agressão sofrida por um animal. Balaão estava tentando amaldiçoar o povo de Deus e, montado em sua jumenta, foi interceptado por um anjo. Apenas o animal viu o ser celestial e, por isso, não quis prosseguir. Irritado, o falso profeta bateu na jumenta. Para repreender o homem em sua atitude animalesca, por um momento, Deus deu ao animal uma característica humana. Balaão foi surpreendido com a jumenta reclamando verbalmente do espancamento.
Deus cuida dos animais e não Se agrada com o sofrimento de Suas criaturas. Sobre isso, Ellen White adverte, ao comentar a covardia de Balaão: “Aquele que maltrata os animais porque os tem em seu poder, é tão covarde quanto tirano. A disposição para causar dor, quer seja ao nosso semelhante quer aos seres irracionais, é satânica. Muitos não compreendem que sua crueldade haja de ser conhecida, porque os pobres animais mudos não a podem revelar. Mas, se os olhos desses homens pudessem abrir-se como os de Balaão, veriam um anjo de Deus, em pé, como testemunha, para atestar contra eles no tribunal celestial. Um relatório sobe ao Céu, e aproxima-se o dia em que se pronunciará juízo contra os que maltratam as criaturas de Deus” (Patriarcas e Profetas, p. 443).
Deus fez a natureza com muito amor e a deu a nós como um presente para que cuidássemos dela. Como gratidão a essa dádiva, temos o dever de tratar com carinho aquilo que Deus ama. Ame a criação divina, pois ela revela as digitais do Criador.