Terça-feira
18 de julho
Depois da meia-noite
“O Senhor não vê como o homem: o homem vê a aparência, mas o Senhor vê o coração.” 1 Samuel 16:7

Não vai escurecer hoje à noite”, disse meu filho em um dia de julho, no Alasca. “E sem restrições estabelecidas pelo Departamento de Pesca, poderemos pescar a noite toda.” Ele e sua esposa, como muitos nascidos no Alasca, tinham a expectativa de encher seus freezers para o inverno. Assim, quando chegamos à praia às 11 horas da “noite”, eles pegaram as redes de seis metros de comprimento e andaram dentro da água rasa até chegar à desembocadura do rio de maré.

Meu esposo e eu armamos a barraca, estendemos os sacos de dormir e descemos para a praia. Larry estava encarregado de auxiliar Garrick e Stephanie quando voltassem para a praia com os peixes. Minha função era segurar Derion, nosso neto de seis semanas de idade. O sol se pôs por volta da meia-noite, mas a claridade permaneceu no céu até às 2 horas da madrugada, quando nuvens se espalharam e ficou mais difícil ver nossos filhos dentro da água. Decidi que era hora de dormir e assim, com Derion ainda dormindo no suporte dianteiro, estilo canguru, caminhei sobre a areia até a ponte de metal que protegia uma duna de areia. Ao me aproximar da extremidade da ponte, vi que precisaria dar um passo enorme para chegar ao nível do chão.

Senhor, o que faço?, suspirei. A fraca luminosidade tornava difícil discernir a distância, meu equilíbrio era precário por causa do bebê que eu carregava, e a dor crônica nos joelhos me deixava ainda mais nervosa. Então, na extremidade da ponte, eu o vi: cabelo comprido preso em um rabo de cavalo, a barba dançando com a brisa suave, a jaqueta de couro de quem anda de moto. Tatuagens emergiam das mangas e serpenteavam até suas mãos. Múltiplos piercings enfeitavam seu rosto. Eu me senti vulnerável e desconfortável, uma mulher solitária na penumbra. No entanto, ele viu minha dificuldade, pôs a mão sob meu cotovelo e gentilmente me ajudou a descer. Com um rápido “Deus a abençoe”, ele sumiu da minha vista, mas não dos meus pensamentos.

Eu havia sido rápida ao julgar meu benfeitor com base no fato de que ele se vestia e se adornava de maneira estranha para mim. Contudo, nosso breve encontro revelou um coração bondoso e a disposição de ajudar. Cheguei a conclusões falsas com base em sua aparência exterior. Eu precisava mudar meu coração.

Denise Dick Herr