Sexta-feira
13 de março
Descobrindo Clô
Ele enxugará dos olhos deles todas as lágrimas. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor. As coisas velhas já passaram. Apocalipse 21:4, NTLH

Lembro-me de ter ido ao trabalho naquele dia. Ela chegou com um perfume agradável. Assinei o protocolo e recebi o ofício. Perguntei-lhe o nome do perfume que estava usando, e ela me respondeu. Assim, descobri Clô. Éramos concursadas do Estado havia quatro anos. Eu trabalhava no térreo; ela, no terceiro andar da mesma repartição, mas nunca havíamos nos cruzado antes.

Com o tempo, compreendi que nosso encontro e amizade eram parte do propósito divino. Quando nos conhecemos, fazia alguns anos que Clô tinha desenvolvido uma esclerose múltipla e sofria emocionalmente por não aceitar a patologia. Vivia prisioneira das próprias emoções e não conseguia descansar nas promessas de Deus.

Conforme a esclerose avançada, eu lhe apresentei Jesus e a perspectiva de um novo céu e uma nova terra, onde não haverá mais dor, nem doença e nem lágrimas. Com ternura, Cristo ia repousando em seu coração e fortalecendo-a diante das duras provas. Quando não pôde mais trabalhar, eu a visitava fielmente toda semana em seu leito. Então lhe mostrava pela janela o céu azul e buscava fixar seu olhar e pensamentos na volta de Jesus.

Como foi intenso o nosso último encontro! Ela estava deitada na cama. Ao chegar, eu queria falar com ela como das muitas outras vezes, mas sua mãe me disse que, infelizmente, Clô não enxergava nem escutava mais. Entristecida por vê-la naquela situação, chorei copiosamente. Sendo movida pela compaixão, não hesitei. Cantei pertinho do seu ouvido a música que tantas vezes cantávamos juntas e lhe falei da promessa da volta do nosso Salvador.

Após o amém, de dentro daquele pequeno corpo, Clô emitiu um grito intenso e lágrimas escorreram em seu rosto. Pude entender naquele momento o som da sua voz querendo dizer-me: “Bia, estou aqui, eu ouvi!”

Ganhei de Deus uma grande amiga que não teve a cura física, mas o meu Criador promoveu sua cura espiritual. Ela entendeu em vida que a enfermidade e outros sofrimentos que assolam o nosso mundo são frutos do pecado e não mais existirão quando a Terra for restaurada com a volta de Jesus.

Hoje, Clô descansa no Senhor. Sinto sua falta, mas sei que sua ausência é provisória. Vislumbro o retorno de nosso Redentor. Acredito que ela ressuscitará naquele grandioso dia com o corpo glorificado, imortal, revestido de perfeição.

Como almejo esse dia de reencontros! E você?

Aníbia Bethesaida Matos