Era a época das galinhas chocarem, mas minha empolgação de ver mais pintinhos nascerem era obscurecida pelo medo de enfrentar ainda mais predadores no Sudão do Sul: as cobras.
A noite se aproximava quando o estagiário sudanês, Abraham, e eu ouvimos um barulho alarmante vindo do galinheiro. Ele foi lá para ver o que estava acontecendo, mas voltou rapidamente, quase sem fôlego, dizendo:
— Senhora, quatro pintinhos morreram, e uma galinha está quase morrendo!
Corri rapidamente para o galinheiro e tentei localizar o predador. Com uma lanterna na mão, vi a ameaça brilhante se escondendo entre as placas de plástico.
— Depressa, Abraham! — chamei. — Vá buscar uma faca grande!
Ele correu até a casa, mas só encontrou uma faca pequena de mesa. Com dificuldade, furei a cobra que estava tentando se esconder. Que parte do seu corpo eu havia ferido? Eu não sabia ao certo, porque ela havia rapidamente rastejado para a parte de cima do galinheiro, onde a outra galinha pernoitava.
Eu sabia que a cobra mataria mais criaturas indefesas, por isso tentei segui-la. Foi então que vi que a parte ferida de seu corpo havia se enroscado no arame do galinheiro. Ela estava presa! Pegamos um pedaço de pau bem longo e batemos repetidamente na cauda dela. De repente, senti algo molhado no meu cabelo e nos meus olhos e ouvi Abraham dizer que era o veneno! Eu sabia que aquilo poderia ser fatal. Instantaneamente, meus olhos começaram a doer, latejar, inchar e liberar uma secreção branca. Quem poderia me ajudar agora?
Naquele momento, meu esposo, Edwin, chegou com a equipe médica que havia acabado de vir da Virgínia, nos Estados Unidos. Ele tinha ido buscá-los no aeroporto, cerca de 18 quilômetros do complexo do seminário onde morávamos. A enfermeira da equipe perguntou o que havia acontecido com meus olhos. Depois de ouvir a história, ela bondosamente me ofereceu o seu soro antiofídico pessoal, dizendo:
— Agora sei por que eu trouxe esse soro. Ele é para você!
Como sei que ela chegou a tempo para me socorrer? Sem aquele soro antiofídico eu poderia ter morrido ou ficado irreversivelmente cega. Meu Deus é real, e Ele Se preocupa comigo e com você.
Rufina C. Gulfan