Tive consciência das perdas e dificuldades que marcariam minha vida pela primeira vez aos cinco anos de idade, quando minha mãe faleceu. Um ano depois, meu pai se casou novamente, e eu percebi que jamais teria de minha madrasta o carinho e o afeto que uma criança espera de uma mãe. Cresci entre a orfandade, a pobreza e a falta de conhecimento, na zona rural de uma cidade do interior. Já era adulta quando pude me matricular numa escola e aprender a ler e a escrever.
Casei-me e tive quatro filhos, dois homens e duas mulheres. Sonhava em ser para eles a mãe que eu não havia tido e em lhes proporcionar a educação que tanto me fazia falta. Contudo, eu e meu marido lutávamos diariamente para conseguir o mínimo para sobreviver. Ninguém em nossas condições tinha a oportunidade de proporcionar boa educação para os filhos.
No entanto, conheci a Deus e aceitei Suas promessas. Decidi firmemente que, independentemente do que acontecesse, serviria a Ele com todas as minhas forças. Mesmo sendo tão pobre, meus quatro filhos tiveram a oportunidade de estudar nos colégios da igreja. Deus providenciou aquilo que eu jamais teria a oportunidade de conseguir por mim mesma. Jamais pude ajudá-los a pagar as mensalidades. O Senhor, porém, proveu milagrosamente os recursos para que eles estudassem.
Quando o mais velho se formou, ofereceu-se para alugar uma casa mais confortável para mim, pois eu morava num barraco em uma favela. Convenci-o a, em vez disso, pagar as mensalidades do irmão mais novo na escola adventista. Muitas pessoas pensaram que era uma extravagância manter um filho num colégio pago, mas eu sabia que a educação cristã era o que Deus queria para meus filhos.
O mais velho deles estudou Teologia, tem dois cursos de mestrado e hoje é pastor de igreja. Minha filha estudou Pedagogia e Psicologia e serve à igreja na obra educacional, além de ter se casado com um pastor. Minha outra filha é enfermeira e professora no curso de Enfermagem, e ela também é casada com um pastor. Meu filho mais novo é engenheiro químico, tem mestrado e trabalha numa estatal de exploração de petróleo. Eu, semianalfabeta, não os eduquei para terem sucesso nos estudos. Eduquei-os para serem cristãos, e Deus providenciou o restante.
Maria das Graças Barboza Ferraz