Com os cabelos soprados ao vento, eu caminhava lentamente pela praia. Com a cabeça baixa, olhei de um lado para o outro procurando conchas do mar de cores fortes ou com um formato diferente. Minhas pegadas faziam um zigue-zague na areia à medida que eu andava para cá e para lá, pisando nas conchas quebradas no chão. A sensação de pisar nas conchas quebradas era prazerosa, até agradável, como o barulhinho crocante de um cereal favorito. Eu pisava somente nas conchas quebradas para fazer a elas o favor de acelerar o curso de seu destino como parte da areia da praia.
De vez em quando, como os pilritos-comuns (pássaros comuns nas praias europeias), eu corria das ondas que chegavam mais próximas de mim. Esses pequenos pássaros poderiam ser levados pelas ondas, mas os pilritos de pernas longas caminhavam pelas ondas mais fracas. Um desses pássaros gritou para mim, como se estivesse questionando minha presença naquele local da areia que ele havia escolhido para procurar seu alimento diário.
As ondas explodiam na areia, fazendo seu barulho típico e voltando para o mar, cada uma parecia ir um pouco além que a anterior. Elas me faziam lembrar do som de tráfego em uma rodovia. Contudo, a despeito de qualquer semelhança em som, esses dois sons não podiam ser mais diferentes. Um representava a correria da humanidade, o outro a ida e vinda da natureza; às vezes gentilmente, outras vezes com bastante barulho. Aqui na praia, eu podia me distanciar das tensões da vida e apreciar suas bênçãos.
Parei para pegar os restos de uma concha bem velha que estava parcialmente enterrada na areia. Com ela em minha mão, observei linhas que corriam através de sua cor desbotada. Marcadas em sua superfície estavam sinais de tempo e espaço. Ela deve ter vindo de alguma praia muito distante, pensei. Eu não a quebrei. Esse tipo de concha antiga não quebra. Ela é muito dura, como pessoas que tiveram uma jornada longa de vida.
Sozinha na praia. Poderia haver um lugar melhor para pensar sobre nosso Deus? Então, à distância, uma silhueta apareceu de alguém com dois cachorros, um em cada lado. Cachorros e praias são uma combinação perfeita, como o pilrito e eu na praia naquele momento. Aquela cena toda pertencia ao nosso Deus, que a criou para nosso prazer.
Ella Rydzewski