Ela se foi para sempre. Ela ainda mora aqui do lado de casa, mas minha sogra de 101 anos não conversa muito e não sabe quem eu sou. Ela se foi. Minha jornada com ela começou há quarenta e dois anos, em uma noite quente de Michigan, quando comi fatias generosas de bolo recheado de morangos em sua humilde casa na cidade, permeada de amor familiar. Ela era gentil, quieta, amorosa e uma cozinheira incrível! Treze meses depois, fui abençoada ao me tornar sua nora. Logo aprendi que a vida de minha sogra era definida pelas bênçãos que ela espalhava. Seu coração amou, seus ouvidos ouviram, seus braços abraçaram e suas mãos cozinharam para a família, amigos, igreja e vizinhos.
Aos 87 anos, ela deixou a casa em que morava havia 56 anos para se tornar nossa vizinha. Nós duas emprestamos ovos uma da outra, dividimos almoços, gostávamos de fazer compras e nos ajudamos quando necessário – como boas vizinhas fazem. Meu marido, Ken, e eu gostávamos de ajudá-la na cozinha. Foi uma boa fase, mas as fases da vida não duram muito. Meu marido teve a dolorosa tarefa de tirar as chaves do carro dela. Muitas vezes, ela precisava de ajuda para abrir uma jarra; ingredientes de receitas antigas e conhecidas se misturavam; batatas ficavam queimadas e foi necessário colocar uma pulseira de alerta médico nela. Como assim? Minha primorosa sogra estava pulando banhos, passando o dia todo em seu roupão e fazendo refeições de batatas fritas ou doces enquanto se sentava em sua poltrona.
O próximo processo doloroso envolveu telefonemas, pesquisas, papelada e conversas com os irmãos sobre “programas” como entrega de comida, ajuda na limpeza da casa e um monitor de imagem entre a casa dela e a nossa casa. Quando ela ficava confusa à noite, Ken ia até a cabeceira da cama dela para ouvir e acalmar ternamente seus medos. Outra etapa chegou, com entrevistas, mais telefonemas e mais pesquisas. Então minha tão amada sogra de 95 anos passou a ter cuidadores diários. Sua independência se foi, e nós sofríamos. À medida que a cognição dela diminui mais a cada dia que passa, meu coração lamenta essa enorme perda – a horrível realidade da vida. Ela se foi e, como declarado em um verso de uma música escrita por um de seus cuidadores: “Ela voltou à infância.” Essa pessoa preciosa de caráter piedoso que criou meu marido e seus quatro irmãos mais velhos agora pede pela mãe. A cada pedido aprofundo meu desejo pelo breve retorno de Jesus; ela não se foi para sempre. “Eis que faço novas todas as coisas” (Apocalipse 21:5).
{ Sandy Colburn }