“Ao vencedor as batatas!” Essa é a frase que resume a filosofia do humanitismo de Quincas Borba, na obra ficcional de Machado de Assis. Para ilustrar a teoria, o narrador fala de duas tribos que entram em guerra por um campo de batatas. Quem vencer receberá como recompensa as batatas, e quem perder morrerá de fome. A paz significaria a morte das duas tribos, e a guerra manteria uma das duas. Em Quincas Borba, Machado de Assis quer destacar a futilidade das recompensas humanas.
No versículo bíblico de hoje, Jesus está condenando os fariseus, que gostavam de fazer caridade para receber a aprovação das pessoas. Para esse tipo de gente, o Senhor foi bem claro: já receberam o pagamento. Tocar trombeta a fim de atrair a atenção dos outros para qualquer coisa boa que façamos anula a recompensa divina.
O prêmio de Deus não é uma medalha de honra ao mérito depois que alguém resolve compartilhar seu lanche com um colega faminto no intervalo das aulas. A natureza da recompensa divina é diferente, pois vem em forma de alegria profunda em fazer atos de bondade e misericórdia. Imagine um garoto que ame jogar futebol e receba milhões por isso. É mais ou menos assim na vida espiritual. Com a natureza de Jesus no coração, o cristão “recebe” para fazer o que lhe dá prazer.
O profeta Miqueias, ao listar o que Deus espera de seus filhos, diz, entre outras coisas, que nós devemos amar a misericórdia. Mais do que fazer o bem, devemos sentir prazer verdadeiro com a felicidade que proporcionamos às pessoas com nossos atos de bondade. Essa é a recompensa de Deus.
Os fariseus, por sua vez, não tinham nenhuma felicidade na filantropia que praticavam. Sua motivação eram os aplausos, e isso era sua recompensa. Eles imaginavam também que, além das “palmas do auditório”, podiam conquistar uns pontinhos a mais com Deus e garantir um lugar de destaque no Céu. Terrível engano!
Fazer o bem para as pessoas não é uma opção para o cristão. Por isso, abra seus olhos e enxergue a necessidade de quem está à sua volta, e Deus vai recompensá-lo por isso. Não lute pelas “batatas” dos aplausos humanos. A frase da filosofia de Jesus é: “Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono” (Apocalipse 3:21, ARA).