No Sermão do Monte, após descrever as características das pessoas realmente felizes, Jesus Cristo mencionou duas ilustrações sugestivas, do cotidiano doméstico, para falar do estilo de vida cristão. “Vocês são o sal da Terra”; “Vocês são a luz do mundo”. Dois elementos que indicam duas tendências que se harmonizam e se complementam: preservação e difusão.
Na ilustração, o sal lembra nossa tarefa de livrar o mundo da decomposição resultante da podridão moral, vivendo e agindo de tal modo que a insipidez não nos torne inúteis. “Se o sal perder o seu sabor”, diz Ele, “não servirá para nada, exceto para ser jogado fora”. Assim, é nosso papel exercer influência positiva, misturando-nos com as massas, em uma sociedade que se corrompe de maneira acelerada.
Se a ação do sal é invisível, a da luz é perceptível. Não pode ser escondida, assim como não se pode ocultar uma cidade construída sobre um monte. Cidades construídas sobre montes são visíveis durante o dia, por causa da iluminação produzida pela luz do sol. Durante a noite, são visíveis por causa da luz que brilha do interior das casas. A luz é sempre colocada em uma posição onde pode irradiar. É um contrassenso acender uma lâmpada e deixá-la coberta. Ela deve ser instalada no lugar apropriado a fim de que irradie seu brilho.
É de suprema importância nos lembrarmos de que, antes de ser luz, o cristão é sal. Antes de se manifestar exteriormente, ele cultiva a vida interior. Então, a manifestação de seu brilho será algo simples e natural, assim como a natureza da luz é iluminar. Ela se gasta iluminando.
No livro Os Cristãos e os Desafios do Mundo Contemporâneo, John Stott fala da postura que os cristãos devem ter diante dos problemas e das questões que preocupam a sociedade em geral: educação, pobreza, moralidade, direitos humanos, racismo, saúde, meio ambiente, entre outros. E arremata: “‘O mundo vai de mal a pior’, dizemos encolhendo os ombros. Mas, se a casa estiver escura ao anoitecer, não faz sentido culpar a casa, pois isso é o que acontece quando o sol se põe. A pergunta a ser feita é: ‘Onde está a luz?’ Da mesma forma, se a carne estragar e for impossível comê-la, não faz sentido culpar a carne, pois isso é o que acontece quando as bactérias são deixadas ao léu para se reproduzirem. A pergunta é: ‘Onde está o sal?’” (p. 89). Devemos responder a essas questões com a influência que hoje irradiaremos.