Vivemos em uma sociedade doente em que as crises políticas, sociais e religiosas alcançaram níveis intoleráveis. Não podemos mais ignorar os problemas que permeiam até mesmo nossas igrejas. Reconheço que essa é uma admissão impopular, mas é a verdade. Os que vivem como Laodiceia merecem o que se diz a respeito dessa igreja.
Por isso, é comum encontrarmos críticas sendo feitas na terceira pessoa do singular ou plural. Às vezes, até nós mesmos fazemos discursos do tipo: “Os jovens não sabem o que é reverência, os pastores não pregam como deveriam, e as igrejas não têm mais amor.”
Outras vezes, o sujeito plural é substituído por um coletivo singular, aí o discurso passa a ser: “O povo não sabe votar, a sociedade está corrompida, a juventude não tem limites, a organização não entende…” Em outras palavras, o problema está sempre no povo; se ele não existisse, tudo estaria bem.
Neste ponto, você deve estar se perguntando: “Quem é esse coletivo odioso do qual tanto falamos? Se devemos eliminá-lo, precisamos saber quem ele é.” No entanto, se perguntarmos isso a uma audiência grande ou pequena, o silêncio será a resposta.
Será que fazemos parte daquilo que precisa desaparecer para que a solução venha? Nossos discursos são frequentemente permeados por referências a “ele(a)”, “eles(as)”, e raramente mencionamos “eu/nós”. Infelizmente, nossa tendência é sempre atribuir a culpa ao outro, nunca a nós mesmos.
Essa postura nos impede de reconhecer nossa própria necessidade de transformação. Se colocamos a responsabilidade em nossos pais, por exemplo, por que deveríamos mudar nossa forma de pensar e agir?
Reflita sobre esta última questão: Se 90% do meu setor de trabalho, minha igreja ou meu país fossem compostos de pessoas idênticas a mim, o mundo estaria melhor, pior ou do jeito que está? Somente após responder honestamente a essa pergunta, estaremos prontos para nos pronunciarmos de forma sensata sobre os grandes problemas da humanidade.