Existe um debate quanto à correta tradução do versículo de hoje. De forma simplificada, pode-se dizer que a língua hebraica não possui o verbo ser/estar no presente do indicativo ativo. Logo, frases como “eu sou um professor” seriam escritas na forma ani moreh ou “eu professor”. O verbo ser fica subentendido, mas não é escrito.
Além disso, a presença de uma forma verbal imperfeita no original hebraico leva muitos a sugerir que a melhor tradução do texto seria “Eu serei o que serei”; “Eu serei quem serei”; ou ainda “Eu estarei onde estarei”. São possibilidades de leitura compatíveis com a gramática hebraica. Os judeus de fala grega traduziram essas palavras de Deus de outro modo, ainda mais interessante: “Eu Sou o que está sempre sendo”, ou seja, não haverá tempo em que Ele não seja.
Outro detalhe importante é a semelhança linguística entre o verbo ser, hayah em hebraico, e o nome sagrado de Deus, que alguns transliteram como Jeová, Javé ou Yahweh. Assim, o sentido permanente “estar continuamente sendo” seria a base do ser de Deus, que pode ser definido como “Aquele que é [ou permanece sendo] por todo o sempre”.
Em Apocalipse 1 Jesus amplia esse conceito ao Se revelar como “Aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-Poderoso”. Isso não apenas enfatiza Sua divindade como também descreve Seu modo de ser. João provavelmente conhecesse uma canção popular daquele tempo que dizia: “Zeus era, Zeus é, Zeus será.” Os romanos cantavam isso trocando o nome Zeus por Júpiter.
Jesus não é simplesmente alguém que existe em três modos temporais, passado, presente e futuro. Ele é um Deus que age, está em movimento e Se dirige ao nosso encontro. Em outras palavras, Deus não apenas existe, Ele é. Ele não está apenas conosco, como um adorno na sala; Ele está ao nosso lado, pronto para nos guiar e defender. Por isso, a eternidade de Deus é mais do que uma linha infinita; é uma sequência de atos realizados em nosso favor. Esse é o grande Eu Sou!