Conta-se que a maratona nas Olimpíadas surgiu devido a uma corrida de Fidípides, que partiu da cidade de Maratona até Atenas e morreu de exaustão após o percurso. Ele teria corrido 42 km entre o campo de batalha e o destino final apenas para anunciar a vitória dos atenienses contra os persas.
Caso essa história seja real, ela teria ocorrido por volta de 490 a.C., e Fidípides seria um verdadeiro euangelist?s, nome grego para o portador de boas-novas, que em português chamamos “evangelista”. No entanto, é importante notar que não se trata de boas-novas comuns; estamos falando de alguém que correu para dar a notícia de uma vitória militar.
Em outros contextos, a boa-nova poderia ser sobre o nascimento de um rei ou sua entronização. Em um antigo calendário encontrado em Priene, Turquia, o nascimento do imperador César Augusto foi chamado de “evangelho”. O termo ali está no plural, indicando “as grandes boas-novas”.
Como o Novo Testamento foi escrito em grego, o mesmo termo foi usado para anunciar Jesus. Seu equivalente em hebraico seria besorah, e quem anunciava a boa-nova era um mevasser. Mas veja que interessante: o mevasser não era apenas um mensageiro levando informações; ele devia comunicar uma boa notícia de importância nacional, que mudaria o rumo dos acontecimentos. O fim da guerra, por exemplo, faria os soldados pararem a marcha e recuar.
Isso me lembra este texto: “Quão formosos são sobre os montes os pés do que anuncia boas-novas, que faz ouvir a paz, que anuncia coisas boas, que faz ouvir a salvação, que diz a Sião: ‘O seu Deus reina!’” (Is 52:7).
Imagine a cena: em uma batalha prolongada, o destino de Israel está em jogo. Após meses de agonia, o inimigo se rende, e o mevasser (evangelista) é enviado do campo de batalha para proclamar a vitória. Posso até sentir seu entusiasmo ao dizer: “Acabou o sofrimento, arrumem suas
coisas, voltem para casa!” É assim que temos de anunciar o evangelho ao mundo. Nossas batalhas ainda não terminaram, mas a vitória já está decretada. Jesus a obteve na cruz do Calvário. Corramos como o grego Fidípides, ainda que isso nos custe o último fôlego. O bem venceu o mal, o Rei em breve voltará, e nós iremos para casa. Não há notícia melhor que essa!