Certa vez, alguém disse que “vitimismo é autopromoção”. Essa foi a atitude do irmão mais velho da parábola do filho pródigo. Ele era um perito em se fazer de vítima. Para entender o verdadeiro caráter desse irmão, precisamos avaliar suas ações e omissões na parábola.
Em primeiro lugar, ele não foi contra a partilha dos bens de seu pai. Quando o pai transferiu a parte que cabia ao filho mais novo, ele também recebeu a sua porção (Lc 15:12). Mesmo assim, ele disse que o pai nunca havia lhe dado um cabrito, quando, na verdade, por ser o primogênito, já havia recebido dois terços das posses de seu pai.
Além do mais, ele joga na cara do pai os árduos anos de obediência melancólica, que acabaram contribuindo para o crescimento de sua herança, enquanto seu irmão estava fora da jogada. Ele havia se tornado o único herdeiro de tudo, conforme o próprio pai enfatizou: “Tudo o que tenho é seu” (v. 31).
Em sua indignação egoísta, ele não demonstrou amor, respeito ou honra pelo pai. Foi incapaz de participar da felicidade dele. Dirigindo-se ao irmão como “esse teu filho” (v. 30), ele se distanciou de sua família. Pensou apenas em como o retorno do seu irmão problemático mancharia a reputação familiar. Esqueceu-se do amor e da misericórdia.
O orgulho impediu o primogênito, que deveria carregar o nome da família, de se misturar com seu irmão errante, participando do banquete que celebrava o retorno daquele que havia se perdido.
A parábola do filho pródigo nos ensina a olhar para aqueles que erram com os olhos compassivos de Cristo, o Restaurador de vidas.