Contemplar o céu da Praça da Catalunha, em Barcelona, é um espetáculo. Se desviarmos o olhar da revoada sincopada dos pombos urbanos, poderemos ver nuvens de estorninhos. É como se um notável coreógrafo os tivesse treinado na arte de fazer tudo sincronizadamente. Como se fossem um retalho de seda ao sabor do vento, eles se movem individualmente e em conjunto.
De certa maneira, eles se movem como um cardume. A organização e a sincronia de um cardume de sardinhas, por exemplo, são de beleza e estratégia semelhantes. Esse fluir deslizante que caracteriza os peixes – parecendo desafiar a lei da gravidade – é o mesmo que permite o movimento das aves. Voar e nadar são exemplos da fluidez de uma natureza em comum. Ao se deslocarem, todos são como um. A unidade contrastando com a união; a individualidade em grupo contrastando com o grupo individualizado.
Olhar para o chão da Praça da Catalunha também é um espetáculo. O movimento apressado dos transeuntes só é interrompido pelas pausas intermitentes diante das vitrines. Os objetos expostos desaceleram o fluir das pessoas, por culpa do desejo de comprar. O enxame humano parece viver em uma polinização contínua e consumista.
Em Mateus 9:9, temos um relato curtíssimo que vai ao cerne da questão: “Quando Jesus saiu dali, viu um homem chamado Mateus sentado na coletoria e lhe disse: ‘Siga-Me!’ Ele se levantou e O seguiu.” Jesus tinha uma maneira de agir tão constante e salvífica que gerou movimento. Mateus estava em outra. Até aquele dia, tinha preferido estar no controle das coisas, contar as moedas e contar seus casos. Porém, um só olhar para Jesus, uma só palavra, e sua rotina mudou. Deixou a perambulação pelas coisas materiais e passou a “deslizar” pelo Espírito. E não há nada como deslizar pelo Espírito. As paisagens passam a ser vistas de outra perspectiva. Sente-se a leveza do ser sem lastro, compreende-se a existência desde dentro e com os outros.
Aonde você vai? Seja qual for a sua resposta, lembre-se de que Jesus o convida a segui-Lo. Experimente “fluir” com Ele.