A graça de Cristo implantada no coração cria no ser humano a inimizade contra Satanás. Sem essa graça que converte e esse poder renovador, as pessoas continuariam cativas de Satanás, em servidão, sempre prontas a executar as ordens dele. O novo princípio na alma cria o conflito onde até então houvera paz. O poder que Cristo comunica habilita o ser humano a resistir ao tirano e usurpador. Quem aborrece o pecado em vez de o amar, resistindo a essas paixões que têm dominado interiormente e as vencendo, evidencia a operação de um princípio inteiramente de cima.

O antagonismo que existe entre o espírito de Cristo e o de Satanás revelou- se claramente no modo com que o mundo recebeu Jesus. Não foi tanto porque Ele aparecesse sem riquezas, pompas ou grandiosidade mundanas que os judeus foram levados a rejeitá-Lo. Eles perceberam que Jesus tinha o poder que compensaria a falta dessas vantagens exteriores. A pureza e santidade de Cristo, porém, valeram-Lhe o ódio dos ímpios. Sua vida de renúncia e impecável devoção era perpétua reprovação a um povo orgulhoso e sensual. Foi isso que provocou inimizade contra o Filho de Deus. Satanás e os anjos caídos uniram-se aos homens maus. Todas as energias da apostasia conspiraram contra o Campeão da verdade.

Aos seguidores de Cristo, é manifestada a mesma inimizade demonstrada para com o Mestre. Quem quer que veja o caráter repulsivo do pecado e, na força do alto, resista à tentação, certamente despertará a ira de Satanás e de seus súditos. Não apenas ódio aos puros princípios da verdade, mas opróbrio e perseguição a seus defensores existirão enquanto houver pecado e pecadores. Os seguidores de Cristo e os servos de Satanás não podem harmonizar-se. O agravo da cruz não cessou. “Todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos” (2Tm 3:12). […]

Assim como Satanás se esforçou para lançar a ignomínia sobre Deus, seus agentes procuram fazer mal ao povo do Senhor. O espírito que matou a Cristo impele os ímpios a destruir Seus seguidores. Tudo isso está prefigurado naquela primeira profecia: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente.” Isso continuará até o fim do tempo (O Grande Conflito, p. 506, 507).