Várias vezes ouvi meu pai pronunciar o adágio popular: “Quem pariu Mateus que balance.” Descobri mais tarde que a forma correta é: “Quem pariu mantém e embale”, mesmo assim, eu sabia do que ele falava e estava entendendo o recado. Aquele ditado ficou profundamente gravado em minha mente.

Ao me tornar mãe, as poucas vezes que precisei deixar minhas filhas sob cuidado de outra pessoa, foram muito desconfortáveis – elas eram minha responsabilidade, eu é que tinha que estar com elas. Então, parei de trabalhar por um tempo e fiquei em casa com as meninas, que tinham 4 e 2 anos na época.

Ser mãe em tempo integral foi a melhor escolha que já fiz. Mesmo não tendo uma memória detalhista e em geral guardar apenas conceitos, lembro-me bem de logo nas primeiras semanas em casa falar para mim mesma: “Eu não conheço minhas fi lhas!” Foi chocante perceber pequenos detalhes que denunciavam influências alheias ou detalhes da personalidade delas que eu não conhecia.

Depois de quatro anos nessa experiência e aprendizado, voltei a trabalhar na Escola Adventista. Meu esposo era o diretor; eu, a bibliotecária; e as nossas filhas cuidavam dos bichinhos da minifazendinha. Toda a família saía cedo para a escola, depois almoçávamos juntos e voltávamos à tarde para trabalhar e estudar.

O tempo passou, mudamos de cidade, mudei de emprego e nossa rotina se tornou diferente.

Reconheço que o tempo juntos é uma grande bênção em nossa vida. Sei que essa realidade não é um padrão na sociedade. Ao mesmo tempo, sei o quanto custou abandonar a carreira para cuidar das filhas; ficar sem renda de repente; diminuir o status social; não viajar nas férias; economizar; e recomeçar com piso salarial ao voltar para o trabalho; além de precisar investir e me atualizar para o mercado.

Contudo, quando penso na ocasião da volta de Cristo, sei que Ele não virá citar um adágio popular; Ele virá cumprir a promessa de buscar os Seus. É diante do doador da vida que vou ter que apresentar a herança recebida – as filhas que Ele me deu. Também sei por experiência que Ele é mantenedor e consolador. Ele nunca nos deixa só a embalar os filhos. Ele provê os meios, prepara o caminho, ampara nas aflições e promete aos que forem fiéis uma herança sobre a herança.

Glória a Deus pelos filhos que Ele nos deu!

Acatiane Matos Pimentel