Depois de haver criado tudo o que existe, no sexto dia Deus criou o homem e lhe deu um trabalho. Sua tarefa foi dar nome a todos os animais da Terra. E entre eles, Adão não encontrou ninguém que lhe fosse igual. Sentiu-se só. E Deus, sábio e companheiro, resolveu o problema de solidão, dando Eva a Adão. Desde então, a solidão do homem foi resolvida com a companhia de uma mulher, sempre que essa mulher lhe seja dada por Deus. No caso de Adão, a mulher foi dada por um ato criador; os demais homens recebem essa dádiva por meio do casamento.
O fato de Deus dar a mulher ao homem colocou Adão, e todos os demais, em um status superior em relação ao sexo feminino? O relato da criação de Eva nada tem que justifique essa visão. Pelo contrário, destaca vários elementos que se referem à sua igualdade. Essa igualdade é retratada no conceito de auxiliadora idônea, na própria criação de Eva e na união matrimonial.
Ao definir a mulher como auxiliadora idônea, Deus colocou duas ideias importantes para se entender a unidade do casal. Em hebraico, a palavra “auxiliadora” nunca é usada para designar um ajudante subordinado. Refere-se a uma pessoa que tem a capacidade de prestar auxílio. Por isso, o próprio Deus Se define como auxiliador do homem.
O fato de Deus ter poder e auxiliar o ser humano é visto na criação dos céus e da terra, do mar e de tudo o que neles há. Além disso, o Criador guarda a verdade, faz justiça, dá pão aos famintos, liberta os cativos, abre os olhos dos cegos, levanta os caídos, ama os justos, guarda os estrangeiros, ampara os órfãos e as viúvas e reina para todo o sempre (Sl 146:5-10). Deus é auxiliador do ser humano porque está plenamente capacitado para ajudá-lo e quer fazer isso. Auxiliar não é demérito.
O mesmo ocorre com a palavra “idônea”. Em hebraico, significa “equivalente”, “duplicado”, “parte oposta”, “complementar de outra”. Por determinação divina, a mulher está plenamente capacitada para auxiliar o homem como uma pessoa igual a ele.
A criação de Eva também descreve sua igualdade com o homem. Há entre homem e mulher uma diferença de sexo, mas isso não deve criar separação ou desigualdade, mas produzir unidade e multiplicação, no casamento.
Mario Veloso, 12/10/1997