Sábado
26 de abril
INTELECTUALISMO E FÉ
Irmãos, quando estive com vocês, anunciando-lhes o mistério de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. 1 Coríntios 2:1

O versículo de hoje apresenta um paradoxo em relação a Paulo. Intelectual como poucos, chega a ser estranho que ele tenha desistido de utilizar argumentos filosóficos em Corinto, considerando seu domínio sobre os autores gregos e romanos.

Antes de chegar lá, ele pregou em Atenas e dialogou com filósofos. Por estar em um ambiente intelectual, Paulo procurou debater lógica com lógica. Isso, por si só, não era um erro, mas, na dosagem inadequada, poderia tornar o evangelho um mero apêndice de temas mais eloquentes.

No entanto, algo não estava certo. As argumentações intelectuais deveriam ser um meio para apresentar Cristo, e não para eclipsá-Lo. Talvez por isso poucos tenham se convertido naquela ocasião.

Existe um perigo em endeusar o conhecimento, mesmo o conhecimento teológico, ao ponto de tornar Jesus uma nota desnecessária. Racionalismo e intelectualismo radicais podem se transformar em comportamentos doentios, mesmo dentro das igrejas.

Há quem transforme suas ideias em teorias obsessivas e monopolizadoras, que não dão espaço para outros assuntos ou convivência social. O que era um saudável exercício das faculdades mentais torna-se um desejo insaciável de acumular conhecimento não para servir ao próximo, mas para se mostrar superior a ele.

Aqueles que seguem por esse caminho acabam explicando o inexplicável, racionalizando o irracional e desprezando tudo o que não passa pelo crivo do seu preconceito. Tornam-se intelectuais doentes que há muito perderam o contato com a realidade.

Se você aprecia o estudo, aprenda esta lição da universidade: para um calouro, aves são só aves. Para um graduado, são animais vertebrados que se destacam pela presença de penas. Para um especialista, são psitaciformes. E, para um sábio, que passou por todas as fases, elas voltam a ser apenas aves, com simplicidade e beleza, revelando o cuidado de Deus.

Não desprezo o conhecimento, mas, se intelectualismo fosse sinônimo de fé, Deus seria adorado em bibliotecas, e não em templos. Pense nisso.