Quando pensamos nessa cena descrita por Jesus na parábola dos talentos, formamos rapidamente um retrato mental desse terceiro servo. Imaginamos que ele seja um homem rude, de pouca instrução, que não reconhece as oportunidades que tem nas mãos. Alguns se apressam em criticar sua atitude estranha de enterrar o dinheiro recebido do patrão – o que era comum na época – e não percebem o ponto central da história.
O problema do relato não está no dinheiro enterrado, mas em um relacionamento fragilizado. A atitude do servo refletia a imagem distorcida que tinha de seu senhor. Teve medo e enterrou seu talento porque, para ele, seu patrão era severo, insensato, injusto e mesquinho. Mas o próprio texto revela que ele estava mais do que enganado. O homem a quem servia era sábio e bondoso. Sua sabedoria é revelada na maneira utilizada para multiplicar seu dinheiro e na distribuição dos valores, de acordo com a capacidade de cada empregado. Já a bondade se encontra nos elogios e na retribuição para os dois primeiros empregados por seu bom trabalho.
O último servo, ele sim, era insensato e mesquinho. Mas o senhor não discutiu, não argumentou. Apenas proferiu a dura sentença: “Servo mau e negligente! Você sabia que eu colho onde não plantei e junto onde não semeei?” (v. 26). A punição não foi por causa do dinheiro perdido, mas pela confiança quebrada. No início, o servo não conhecia o senhor. No entanto, a partir daquele momento, era o senhor que não reconhecia o servo.
Deus ainda distribui talentos hoje. Eles poderiam ser simbolizados por tempo, dinheiro, influência e capacidades. Cada um de nós os recebe. Uns mais, outros menos. Mas somos todos igualmente responsáveis. Como você tem usado seus talentos? Estão distribuídos por aí, em forma de atos de amor, gentileza, atenção, carinho e cuidado? Ou estão escondidos em suas covas egoístas?
Onde estão seus talentos? É preciso conhecer o Doador antes de transformar talentos em bênçãos. O conselho de hoje é: invista no que é eterno e use o que Deus colocou em suas mãos para abençoar outras pessoas. Um dia chegará a sua vez de ouvir: “Muito bem, servo bom e fiel!”