Você já ouviu a expressão “jeitinho brasileiro”? Ela é conhecida como o modo de improvisar soluções, usando esperteza ou habilidades do convencimento ou da conciliação, implicando sabedoria, flexibilidade e criatividade, mas também tentativas de se obter vantagem sobre outros.
Segundo estudiosos, essa prática social está ligada a nossas raízes. O historiador Sérgio Buarque de Holanda, em Raízes do Brasil, fala do conceito de “homem cordial”, construído ao longo dos diversos períodos de exploração, iniciados com a chegada dos portugueses. Sua forma de administração desconsiderando as particularidades da nova Terra, favoreceu a exploração de recursos naturais e mão de obra.
O povo da nova Terra era solidário, e foi fácil aos exploradores coagi-lo a aceitar imposições em troca de presentes, votos, ameaças, perseguições e agressões. Essas relações marcadas pela “cordialidade”, mesmo sob tensão e troca de interesses, geraram o brasileiro cordial, que baseia os relacionamentos na simpatia e na emoção, não na razão.
Conhecido como povo hospitaleiro e receptivo, cujas relações pessoais e íntimas se misturam às relações públicas, o brasileiro tem dificuldade para lidar com situações formais e rígidas. Um dos exemplos é o tal favorzinho na fila de espera.
Enquanto o “jeitinho” se limita à criatividade e à flexibilidade, pode ser positivo. Mas, quando se caracteriza por quebra de princípios e envolve mentira, bajulação e apropriação indevida do bem alheio, quando é marcado pela dificuldade de se dizer não, pela opção do comodismo, é nocivo.
Não é vontade de Deus que você seja boazinha ou refém da bajulação e da escravidão agradando a todos. Muito menos Ele deseja vê-la envolvida em práticas corruptas.
Seja com os filhos e o cônjuge, seja no trabalho, na igreja, no estudo ou no lazer, procure ser boa e não boazinha, livre e não refém de nada nem de ninguém. Não sacrifique a integridade no altar da popularidade e do desejo de aceitação alheia nem do medo da rejeição. Deus a capacitará a se posicionar quando a situação exigir fôlego maior para nadar contra a maré dos “jeitinhos”.