Certa vez, o matemático ateu Bertrand Russell, um crítico ácido do cristianismo, afirmou que deveríamos parar de perder tempo com Jesus e nos dedicarmos mais a Pitágoras, considerado por ele como o homem mais inteligente da história. Russell dizia que Jesus era um mito, enquanto Pitágoras era real.
Segundo Russell, apenas pessoas ingênuas continuariam a acreditar na lenda do Carpinteiro que salva, enquanto as mentes elevadas deveriam reconhecer Pitágoras como pai da ciência, o fundador da matemática e pilar da cultura ocidental.
Essa declaração, feita por alguém que havia recebido o Prêmio Nobel de Literatura, tinha grande peso. O tratado de Russell, Principia Mathematica, era uma obra monumental sobre os fundamentos da lógica, mostrando, sem dúvida, sua mente brilhante. A retórica de Russell parecia incontestável.
No entanto, o mais estranho é que qualquer aluno de filosofia sabe que Pitágoras é uma figura incerta em termos históricos. Embora suas ideias estejam bem documentadas, não existem relatos contemporâneos que confirmem sua biografia. O que temos são relatos tardios e fantasiosos.
Pitágoras pode até ser lembrado como matemático, filósofo e idealizador do teorema que leva seu nome. Contudo, na antiguidade, era mais conhecido como líder de uma seita mística, obcecado por numerologia, transmigração de almas e vegetarianismo, embora odiasse legumes. O regime alimentar que ensinava não tinha nada a ver com um estilo de vida saudável. Pitágoras acreditava que seres humanos poderiam renascer como animais. Logo, quem comesse carne estaria devorando alguém reencarnado. Seria isso superior aos ensinos de Cristo? Jamais.
Então, por que Russell enaltecia tanto Pitágoras, quando há mais provas históricas sobre Jesus? Não se sabe ao certo, mas talvez um pensamento de G. K. Chesterton forneça a resposta: “Não há problema em não acreditar em Deus; o problema é que quem deixa de acreditar em Deus começa a acreditar em qualquer bobagem” (citado em The Monstrosity of Christ, p. 87). De fato, a cada dia, convenço-me mais de que erudição e sabedoria não são sinônimos perfeitos. Portanto, cuidado com os gênios deste mundo.