Quarta-feira
23 de abril
JOGO DO CONTENTE
Em tudo, deem graças, porque esta é a vontade de Deus para vocês em Cristo Jesus. 1 Tessalonicenses 5:18

O livro Poliana, de Eleanor Porter, apresenta alguns valores cristãos significativos. Ele narra as aventuras e os desafios de uma órfã e está repleto de referências bíblicas, incluindo a criação, redenção e a volta de Jesus.

Um dos pontos altos da história é o “jogo do contente”, uma brincadeira que Poliana aprendeu com seu pai, que consiste em buscar sempre algo positivo em meio às dificuldades. Funciona assim: em vez de desanimar com uma pilha de roupa suja, agradeça por ter o que vestir. Em vez de reclamar de um gosto ruim, agradeça pelo paladar.

Na trama, o jogo não nega a presença do mal, mas relembra a existência do bem. Explicando isso para uma tia amargurada, Poliana diz: “Eu falo de viver, de fazer as coisas que lhe dão vontade: brincar ao ar livre, ler (para mim mesma, é claro), escalar colinas, conversar com o senhor Tom no jardim, e com a Nancy, e descobrir tudo sobre as casas e as pessoas e todas as coisas e lugares das ruas maravilhosas pelas quais passei ontem. É isso que eu chamo de viver, tia Polly. Respirar apenas não é viver!” (p. 23).

Confesso que tive dificuldade de entender o jogo. Parecia coisa de gente alienada. A fome no mundo não me convencia a gostar do que não me apetecia, por exemplo. Porém, com o tempo, entendi a proposta.

Não se trata de fingir contentamento, mas de lembrar que, se estou com Deus, sempre haverá um livramento, ainda que não seja completo. Caiu de moto? Que bom que não amputou a perna. Amputou a perna? Que bom que não foram as duas. Amputou as duas? Que bom que sobreviveu. Veio a óbito? Que bom que existe ressurreição. Isso não impede o choro, mas evita que a dor seja o centro da minha vida.

Embora você possa ter sofrido, há muitos que dariam tudo para estar em seu lugar. Se lembrássemos que o que temos normalmente – um chuveiro, uma cama e um prato de comida – é o desejo ardente de milhões de pessoas, talvez reclamássemos menos. Concentre-se no que tem, e não no que falta.

Independentemente de sua condição, você sempre terá algo que o outro não tem. Erga sua face e contemple as vidas ao redor. Há dores além da sua. Ajude alguém. Talvez a cura que tanto almeja esteja ao seu lado, esperando pela caridade que você pode dar.