Quarta-feira
07 de maio
JUSTIFICADOS
Eis que Deus não confia nem nos Seus santos! Nem os céus são puros aos Seus olhos, quanto menos o homem, que é abominável e corrupto. Jó 15:15, 16

A mensagem bíblica da salvação é um paradoxo. Por um lado, vemos exemplos, como Noé, Jó, Daniel e o rei Asa, reconhecidos como homens justos diante de Deus (Gn 6:9; Jó 1:8; Ez 14:20; 1Rs 15:14). Por outro lado, encontramos a declaração paulina: “Não há justo, nem um sequer” (Rm 3:10). Se ficássemos apenas com o contexto dos Salmos 14 e 53 que Paulo cita, poderíamos entender que a negativa “não há quem faça o bem” seria uma hipérbole. A nação de Israel estava tão corrompida que parecia não haver nenhum judeu piedoso. Essa declaração seria semelhante à ironia de Diógenes, que andava por Atenas com uma lanterna acesa durante o dia à procura de um homem justo.

Ao se apropriar desse jogo de palavras, “não há quem faça o bem”, Paulo não queria provar se havia poucos ou nenhum piedoso na Terra, mas demonstrar a impossibilidade humana de se justificar pelas obras que pratica. Nesse sentido, tanto sua fala quanto a do salmista indicam que, em nosso estado natural, todos nós, sem exceção, carecemos de uma justiça que não possuímos. Não há o que possamos fazer por nós mesmos; precisamos da justiça de Cristo.

Sendo assim, em que sentido Noé, Jó, Daniel e Asa foram justos? No sentido de aceitarem a justiça que Deus lhes conferia. O salmista clamou: “Livra-me por Tua justiça” (Sl 71:2). Na prática, o que se deve fazer é aceitar a Cristo como salvador pessoal, e instantaneamente a justiça que pertence a Ele pertencerá ao pecador justificado. Simples assim. Os que viveram antes do nascimento de Cristo aceitavam o Salvador que haveria de vir, e nós, que vivemos hoje, aceitamos Aquele que veio e em breve voltará.

A justificação como ato instantâneo é o movimento de Deus em tirar o pecador da lama. Em seguida, vem a santificação, na qual Deus gradualmente remove a lama do pecador. Esse processo é uma obra diária, contínua, e dura toda a vida, culminando apenas na glorificação, que ocor-
rerá quando Jesus voltar. Naquele dia, Ele transformará nosso corpo fraco e mortal, para que fique “igual ao corpo da Sua glória” (Fp 3:21). Promessa melhor não há.