O cheiro de gel e óleo para cabelos inundaram meu nariz enquanto eu aguardava na sala de espera da funerária pelos últimos retoques que preparavam o corpo da minha mãe para inspeção e velório. O cheiro me fez relembrar a minha infância. Mamãe esquentava o ferro no fogão para alisar meu cabelo cacheado, transformando-o em um cabelo de boneca, com textura lisa e sedosa. Refleti sobre os anos compartilhados como mãe e filha — 60 anos de relacionamento. Quando eu era criança, nunca dei a ela muito trabalho. Meu primeiro ato de adolescente revoltada foi, aos 18 anos, cortar meus longos cabelos. Ela e eu tínhamos muitos atritos em relação a cabelos, pois ela acreditava que mulher não deveria cortar os cabelos. Contudo, eu estava testando os limites de minha juventude. Dei à minha mãe seu primeiro neto, um menino, nascido no aniversário dela. Eles também compartilharam um lindo relacionamento. Mães nos carregam pela vida inteira. A minha mãe morreu na semana do Dia das Mães, após uma longa luta com uma doença. Enquanto muitos estavam se preparando para celebrar o Dia das Mães, eu estava ajudando minha família a planejar o funeral da nossa mãe. Fiquei questionando quem me carregaria pelo resto da vida sem a presença dela.
Alguns meses após o falecimento da minha mãe, orei a Deus para que me presenteasse com algo tangível que me lembrasse do precioso amor que ela tinha. Então, enquanto eu organizava seus pertences pessoais, descobri a Bíblia que eu havia lhe dado de presente havia 30 anos. Ela tinha feito anotações e desenhos nas margens de algumas páginas. Além disso, dentro dela encontrei recortes de jornais, cartões, cartas e fotos. Era a resposta à minha oração. Encontrei uma foto da avó materna dela entre as páginas do livro de Apocalipse, onde ela havia circulado o verso bíblico de hoje. Essa Bíblia é um tesouro para mim porque foi um verdadeiro mapa da caminhada cristã dela.
Muitas mulheres são honradas nas páginas da nossa Bíblia, e há muitas “mães em Israel” que podemos honrar a cada dia, mas especialmente no Dia das Mães. Algumas delas nunca se tornaram mães biológicas, mas todas têm sido uma bênção na nossa jornada da vida. Honremos tanto elas como umas às outras também.
Fartema M. Fagin