A mãe tinha falado duas vezes; mesmo assim, o menino teimava em subir naquele lugar alto para brincar. Logo a profecia materna se cumpriu. Um pequeno descuido, e o menino caiu no chão. Graças a Deus, a indignação da mãe foi maior do que a queda. O garoto estava bem. Rapidamente se levantou para ouvir o sermão esperado. Quando encontrou a primeira brecha entre as palavras da mãe, o rapazinho disse: “Mas, mamãe, na vida é assim mesmo. Se cair, levanta e tenta de novo.”
Permita-me a pergunta: Quanto tempo você demora para ficar em pé depois de levar um tombo? Pode parecer simples, como brincadeira de criança. Mas a resposta para essa questão revela nosso nível de maturidade. Afinal, todo muito cai. São perdas, traições, projetos frustrados, golpes duros. Na vida, mais cedo ou mais tarde, algo ou alguém puxa nosso tapete, e caímos. Nessa hora é que revelamos nossa estrutura.
Alguém poderia dizer: “Levante logo, isso vai passar.” Mas, quando se é jovem, é difícil entender essa lógica, simplesmente porque não se viu ainda muita coisa passando. São quedas inéditas. Como o repertório é pequeno, muitas vezes nos demoramos no solo. O fim de um namoro parece o fim do mundo. A reprovação no exame da autoescola soa como a pior notícia da década. A primeira demissão que se recebe parece um tipo de ponto-final na carreira. Quando o mundo idealizado desaba, é difícil imaginar o futuro.
Só o tempo é capaz de ensinar que as coisas mudam, que as estações se alternam, que há beleza no recomeço. Nada melhor que um dia após o outro. Maturidade é a irmã mais velha da resiliência, que é essa capacidade de digerir os problemas da vida e levantar cada vez mais depressa.
Talvez você esteja lendo estas linhas no chão. Caiu, perdeu, feriu-se, chorou. Mas continua aí, olhando para as feridas abertas sem conseguir se mover. Paralisou. Ei, está na hora de se levantar. Há muito mais pela frente do que qualquer coisa que tenha ficado para trás. Tente de novo. Recomece. E acredite: o melhor está por vir!