O Livro dos Mortos é um antigo texto funerário egípcio que servia para auxiliar a suposta alma do falecido a enfrentar os desafios pelos quais passaria no além, até alcançar a eternidade. Os egípcios acreditavam que, após a morte, a alma fazia uma viagem pelo Duat, o submundo dos mortos, até chegar ao Aaru, uma espécie de paraíso.
Essa jornada era desafiadora. Por isso, era necessário o uso da magia, pois o morto poderia ser atacado por cobras, crocodilos, insetos, entre outros perigos. Além disso, a passagem por portais e labirintos exigia o conhecimento de palavras secretas, bem como dos nomes dos guardiões e
deuses. Tudo isso estaria contido nesse manual de sobrevivência no além.
Tecnicamente, o nome Livro dos Mortos é uma nomenclatura moderna. Os antigos egípcios o chamavam de Declarações Para Aparecer de Dia. A razão para esse título estava relacionada à crença pagã de que o pôr do sol equivalia ao raiar do sol no mundo dos mortos. Assim, estar vivo após a morte significava desfrutar eternamente o brilho do sol, pois a alma migraria de um mundo para outro.
Quando o sol nascia sobre os vivos, o espírito do morto assumia a forma de um pássaro e pegava carona no barco solar, passando pelas 12 estações da Duat. O morto também precisava comparecer diante da deusa Maat, a senhora das 12 estações, para ser julgado conforme o relatório anotado em um livro do deus Tot. Somente se fosse considerado inocente, o indivíduo poderia comparecer diante de Osíris para receber a vida eterna.
Foi dentro dessa religião complexa e confusa que Moisés foi educado, logo após deixar os cuidados de Joquebede para viver no palácio. No entanto, foram as revelações de Deus, associadas à confiança de sua mãe, que o libertaram dos mitos. Moisés também acreditava que Deus tinha um livro com o nome de todos os que seriam salvos (Êx 32:32). Ao contrário do Livro dos Mortos, o Livro da Vida não é escrito por homens, mas por Deus. Além disso, enquanto o primeiro exigia uma grande soma de dinheiro, o segundo é gratuito, seu preço foi pago pelo sangue do Cordeiro. Ter o nome escrito ali é o maior de todos os privilégios, diante do qual os demais se tornam meros detalhes.