Voltar atrás em uma decisão é um processo doloroso. Qualquer um pode se sentir arrasado depois de agir de maneira impensada ou equivocada. Isso aconteceu com os irmãos de José quando o lançaram em um poço. Matar alguém intencionalmente não é algo natural. Contudo, retroceder e buscar redenção, embora necessário, é ainda mais “antinatural”. E isso acontece porque o orgulho leva ao autoengano, produzindo a cegueira do pecado. 

Os irmãos de José desistiram de matá-lo porque Rúben, o mais velho, os convenceu do contrário. Aqueles rapazes queriam ter os direitos deles respeitados, por isso reivindicavam do pai um tratamento igualitário. Acaso havia algo de errado nisso? Não era uma expectativa justa afinal? As melhores causas, porém, tornam-se as piores quando os métodos usados são impróprios, e os argumentos ocultam os verdadeiros sentimentos que nos fazem agir. 

O que motivou os irmãos de José foi a inveja e o orgulho ferido, não um legítimo senso de justiça. Que justiça há no que eles fizeram? Convenhamos, eles passaram dos limites! Desistiram de matar José, mas não de prejudicá-lo. Quando o venderam aos ismaelitas como escravo, eles “tiveram pena dele, mas todos achavam que tinham ido longe demais para voltar atrás” (Os Escolhidos, p. 121). 

Para Deus, longe é um lugar que não existe. Uma vez que a dúvida se instala no coração, a pessoa está pronta para “brincar de Deus” e tomar decisões das quais certamente se arrependerá. Aprenda com os erros dos irmãos de José. Se você pegou o caminho errado, dê um passo atrás. Volte. Repense. Desculpe-se. Humilhe-se. Chore, se for o caso. Melhor as lágrimas do arrependimento que as do pecado obstinado, não acha? Não existe ponto de não retorno para Deus. Ele alcançou e perdoou os irmãos de José anos depois de tentarem matá-lo. Tempo e distância não são problema para Deus. Hoje, de braços abertos, Ele espera por você a fim de escrever uma nova página no livro da sua vida. Não endureça o coração (Hb 4:7). Arrependa-se enquanto é tempo.