Vazia. Foi assim que Kelly Johnson descreveu sua vida. Aos 18 anos, ela se sentia morta por dentro. Meu esposo, Philip, e eu conhecíamos Connie Jena, a mãe de Kelly, que lutava com a filha, cuja vida lhe causava muita dor. Passamos a encorajá-la.
Na quinta série, Kelly foi abusada por um clérigo “em nome de Jesus”. Produto de um lar desfeito, ela vivia intercaladamente com um pai que a ignorava e com a mãe a quem ela claramente exasperava. Quando Kelly foi violentada na adolescência, seu pai a culpou porque ela se relacionava com “gentinha”. Faminta por atenção e precisando de dinheiro para ajudar a manter-se, aos 19 anos Kelly começou a dançar para entretenimento dos clientes de clubes noturnos. Em um desses clubes, ela conheceu o homem com quem se casou, um homem que a espancava tão severamente que, uma vez, descolou a retina do olho direito dela com a ponta de sua bota.
Seus telefonemas para nossa casa eram, frequentemente, nos momentos de crise, ao tentar escapar das agressões. Depois de obter o divórcio, Kelly passou a morar com sua mãe, e bebia muito. “Eu não queria sentir”, ela disse posteriormente. “Eu queria me entorpecer.” Connie, a mãe de Kelly, telefonava com frequência, dividida entre o amor por sua filha e a ira diante do desrespeito com que Kelly a tratava. Connie tinha sua própria cruz para carregar. Enquanto participava, certa vez, de uma maratona de bicicleta, essa mulher atraente e atlética, com amigos nos altos círculos e uma carreira em ascensão, foi vítima do erro de um motorista adolescente. A vida virou um pesadelo de múltiplas cirurgias e dor crônica. Por fim, Connie deu a Kelly o ultimato: “Mude de atitude ou vá embora.” Foi aí que a filha, que agora tinha quarenta e poucos anos – em luta com um diagnóstico de transtorno bipolar, perdendo empregos e relacionamentos – chegou ao fim de suas forças.
“Certa noite”, ela recorda, “ajoelhei-me ao lado da cama e implorei para que Deus fizesse o que ninguém poderia fazer na minha vida. Chorei a noite inteira, pondo a bagagem da vida toda, a dor do vazio sem sentido, aos pés de Jesus. Exausta, entreguei a Deus o meu fardo. A bebida, os cigarros, o vazio, a dor… entreguei tudo a Ele e aí, simplesmente, chorei até me esvaziar das lágrimas.”
Então, Deus começou a preencher a vida dela. “Minha necessidade de cigarros e álcool se foi. Justamente como a Bíblia diz, comecei uma vida nova naquela noite. Eu estudei profundamente as Escrituras, orando até mesmo por aqueles que haviam me ferido. E me desfiz da dor. Deus estava me preparando para a minha jornada.” Como Deus está preparando você?
Cynthia J. Prime