Até então não tínhamos tido praticamente nenhum problema na família, e eu estava muito grata a Deus. De repente, meu mundo começou a desmoronar, uma coisa atrás da outra foi acontecendo.

Tudo começou um pouco antes do Natal, quando uma das minhas filhas me disse que não queria mais continuar em seu casamento infeliz. Ficamos arrasados. Depois, no começo de fevereiro, começamos a receber ligações da nossa filha mais nova que chorava, do outro lado do globo onde ela trabalhava como voluntária. Ela dizia que se sentia muito infeliz e desesperada. Logo em seguida, outra das nossas filhas sofreu seu segundo aborto. Além disso, com sua educação agora completa, seu esposo continuava desempregado. Por que Deus não os ajudava?

Apenas uma das nossas filhas parecia estar bem; mas, com tudo o que estava acontecendo, percebi que eu é que não sabia quais eram os problemas dela. Talvez ela simplesmente não quisesse aumentar o nosso sofrimento, então não nos contava nada. Ao mesmo tempo, eu estava exausta e não sabia a razão. Eu não conseguia me mover sem sentir dor, então comecei a fazer uma série de testes e exames que revelaram uma doença prolongada. Eu não aguentava mais.

No dia 24 de novembro de 1992, a rainha Elizabeth II fez um discurso no aniversário de 40 anos de sua ascensão ao trono falando sobre seu ano terrível. Ela disse que, naquele ano, o casamento do seu filho e também o da sua filha haviam terminado e, além disso, alguns dias antes, o Castelo de Windsor havia pegado fogo.

Eu jamais suspeitaria que eu também viveria um ano terrível, mas 2008 foi um ano exatamente assim. À medida que seu fim se aproximava, comecei a esperar por um ano novo melhor. Nossa filha mais nova voltou para casa sem trauma permanente e, em abril, nossas outras duas filhas deram à luz a bebês saudáveis com apenas três dias de diferença entre um parto e o outro. Que alegria! Nosso genro encontrou um bom emprego, e nossa filha mais velha está lidando bem com o divórcio. Eu continuo tendo problemas de saúde, mas não perdi a esperança.

Talvez tenhamos aprendido a ser compassivas somente quando passamos pelo sofrimento. Agora posso transmitir a esperança de que até os momentos mais difíceis passarão. Eles podem ser transformados em algo maravilhoso. Posso ser feliz e agradecida a cada passo que dou adiante.

Hannele Ottschofski