Você já notou que, por mais grandiosos que tenham sido os milagres de Deus na história, a maioria deles tem uma data de validade? Todas as pessoas que foram curadas por Cristo, por exemplo, um dia perderam a batalha para outra doença. Lázaro, a filha de Jairo, o filho da viúva, entre muitos outros, tiveram sua morte apenas adiada por aquele ato do Salvador. Nenhum deles continuou vivendo para sempre.
Além disso, as intervenções de Deus beneficiam alguns, mas não a todos. Basta considerar quantos leprosos Jesus curou e quantos sucumbiram à doença. Seria justo Deus curar apenas alguns, quando Ele poderia curar a todos? Por que apenas uma cura “provisória” até que a morte che-
gue por outras vias?
Talvez seja por isso que o evangelho de João preferiu chamar os feitos extraordinários de Cristo de “sinais” em vez de milagres. Existe um motivo teológico aqui. Cada sinal revela um aspecto da relação de Deus com a história: De onde vem Jesus? Quem é Ele? Qual é a Sua missão? Note que os sinais de Jesus estão intimamente associados ao evento de Sua morte e ressurreição. Foram justamente os sinais realizados que O levaram a ser condenado (Jo 11:47-53). Em outras palavras, a gloriosa morte do Filho de Deus ajuda a entender o verdadeiro significado dos milagres que Ele realizava.
Sim, os sinais eram provisórios. O evangelho de João nos mostra que eles não tinham como objetivo ser um livramento absoluto do mal, pois isso só ocorrerá na segunda vinda de Cristo. Se fossem, Jesus não teria sido morto em função dos milagres que havia realizado, nem teria razão para voltar ao mundo. Estaria tudo muito bem por aqui.
Se Deus não curasse provisoriamente ninguém, nos sentiríamos abandonados pelo Céu, mas, se curasse permanentemente a todos, não almejaríamos a nova Terra. É a dinâmica do grande conflito: se sofrermos demais, não suportaremos; se sofrermos de menos, não entenderemos o que é o mal e não desejaremos nos livrar dele. Portanto, entenda esses atos provisórios de Deus como um sinal gracioso de que Ele ainda está no comando; eles são uma degustação provisória do que ainda está por vir.