Aos padrões do mundo, o cristão é um ser estranho, alguém que vive em contínuo paradoxo. É, em certo sentido, um defunto ambulante: morto para o mundo e vivo para Deus. Ele anda na Terra, mas sua mente está no Céu. Apesar de ter CEP e CPF, descobre pelo novo nascimento que aqui não é seu lar.
O cristão nada contra a correnteza do mundo. Abnegação, mansidão e domínio próprio são algumas de suas qualidades essenciais. Ele perde para ganhar e desce para subir. Quanto mais humilde, mais elevado está. É alegre nas dificuldades e sente prazer em sofrer por Cristo. É forte quando fraco e, quanto mais doa, mais possui.
No reino de Deus é assim: as coisas funcionam “de cabeça para baixo”. Os últimos são os primeiros, a morte traz a vida e o mistério se revela; existe paz na espada, liberdade na escravidão e júbilo no choro. O cristão considera os outros superiores a si mesmo e vive para o bem do próximo. “Convém que Ele cresça e que eu diminua” (Jo 3:30, NAA) – é a sua filosofia de vida.
O caráter paradoxal do fiel se revela no dia a dia. Ele crê que está salvo agora, embora espere salvação no amanhã. Teme a Deus, mas não tem receio Dele. Sente-se dominado e perdido na presença do Criador, mas não quer estar em outro lugar. Sabe que foi purificado dos pecados, mas ainda se considera pecador.
O crente é mais sábio quando reconhece que nada sabe e tem muito quando percebe que tem pouco. Às vezes faz bastante quando nada realiza e avança ao se manter parado. Embora seja pobre e miserável, conversa com o Rei do Universo e tem no Dono de tudo seu amigo pessoal. Parece loucura, não é? Falar com Alguém que você nunca viu! Essa é a “beleza louca” do evangelho. Na base disso tudo, está o maior dos paradoxos: o Deus eterno que Se fez carne e morreu para salvar quem nunca mereceu. Certamente, isso é “loucura para os que se perdem” (1Co 1:18, NAA).
Você já se acostumou com os paradoxos da vida cristã? Seria capaz de dizer, como o apóstolo Paulo, que seu viver é Cristo e o morrer com Ele é lucro (Fp 1:21)?