Na fronteira entre as Coreias, existe uma zona intermediária que possui 248 quilômetros de extensão e quatro de largura. Trata-se de uma região criada em 1953 após a Guerra das Coreias, cuja finalidade é manter separados ambos os países em conflito. Essa área é uma terra neutra que não pertence a nenhum dos lados.
Em questões de fé, muitas pessoas ocupam as fronteiras. Ali se refugiam aqueles que não conseguem admitir a existência de Deus. Acham que a vida se resume àquilo que é material, palpável e visível. Para eles, a fórmula da existência consiste em nascer, trabalhar, acumular bens e morrer.
A questão se aprofunda mais ainda quando ocorrem problemas cruciais, como a perda do emprego, a separação dos pais ou a morte de um ente querido. Então surgem perguntas do tipo: “Se Deus existe e é amor, por que sofremos?” Na carência de respostas plausíveis, a fé cristã passa a ser encarada como uma muleta nas mãos dos fracos. A conclusão a que muitos chegam é que, na vida, o importante mesmo é o que vemos.
Contrariando essa argumentação, o filósofo Søren Kierkegaard contou a parábola de um homem rico que passeava dentro da sua carruagem luxuosa, quentinha e toda iluminada. Ela era guiada por um camponês que, montado no cavalo, estava exposto ao frio e à escuridão. Mas justamente por estar acomodado próximo à luz artificial interna, o homem rico perdeu a paisagem das estrelas do lado de fora. Já o camponês, enquanto sofria as intempéries do clima gelado, usufruiu a gloriosa visão daquela noite.
Em nossos dias, parece que as luzes artificiais da ciência, da mídia e do materialismo estão produzindo sombra para o mundo invisível que nos cerca. Liev Tolstói afirmou que os materialistas se equivocam ao limitar a vida a si mesma. Talvez você seja um desses que consideram o que é visível como a realidade “máxima”, a única realidade. Cuidado! É possível que as luzes do mundo estejam ofuscando a sua visão do Céu.
Meu convite hoje é: abandone as fronteiras da fé e vá para o lado de Deus. Mesmo sem sentir ou entender, escolha ver o Invisível. Essa visão “invertida” é a que realmente importa.