Elias estava desanimado, com medo e deprimido. A apostasia do povo de Deus e a perseguição imposta por Jezabel o fizeram pedir pela morte. “Basta, Senhor! Tira a minha vida” (1Rs 19:4).
Em sua fuga, Elias percorreu a pé quase 550 km desde o monte Carmelo até o monte Horebe. Foram quase 50 dias caminhando. Ao mesmo tempo que desejava morrer, ansiava por ser salvo. Por isso, dirigiu-se ao Horebe, desesperado para ver a Deus.
O Horebe é o mesmo monte Sinai onde Deus apareceu a Moisés, primeiro na sarça ardente e depois na entrega da lei. Talvez Elias almejasse uma experiência semelhante: ver pessoalmente o Altíssimo.
Contudo, seus sentimentos depressivos bloquearam as memórias boas, deixando apenas as lembranças ruins. Ele havia orado pela chuva, e Deus o atendera. Corvos tinham vindo alimentá-lo, o azeite da viúva transbordara, e o filho dela havia sido restaurado à vida, tudo em resposta às orações de Elias. No entanto, o medo de Jezabel fez com que ele esquecesse tudo isso.
Onde estava o intrépido homem que havia enfrentado os profetas no monte Carmelo? Agora, ele se tornara um menino com medo da mulher perversa. “O que você está fazendo aqui?”, perguntou Deus. “Tenho sido muito zeloso”, respondeu Elias, “só fiquei eu, e eles estão querendo tirar-me a vida” (v. 9, 10).
Deus então fez passar por Elias todos os eventos que sacudiram o Sinai na entrega da lei: vento, terremoto e fogo. Mas o Senhor não estava em nenhum deles. Assim como Se manifestou a Moisés na forma de bondade (Êx 33:19), o Senhor Se mostrou a Elias na forma de um sussurro (1Rs 19:12): “Conservei em Israel sete mil, todos os joelhos que não se dobraram a Baal” (v. 18).
Eu me identifico com o lado humano de Elias, principalmente em seu momento de angústia. Se ele pôde ser usado por Deus apesar de suas lutas emocionais, então qualquer um de nós pode ser instrumento em Suas mãos, desde que nos entreguemos a Ele. Portanto, ouça o sussurro de Deus, que diz: “Volte ao seu caminho e realize a Minha obra, pois ainda tenho muito a fazer por intermédio de sua vida.”