Julgar é uma atividade mental própria do ser humano. A cada dia, a cada hora, estamos julgando, discernindo, tomando decisões entre coisas boas e coisas más, entre aquilo que é bom e aquilo que é melhor. É simplesmente impossível viver sem julgar.
O texto de hoje não se refere a todo e qualquer julgamento, mas a algo específico. Sendo que não podemos ler o coração das pessoas, não devemos julgar seus motivos. Isso deve ser deixado com Deus. Nisto não nos devemos intrometer. Ao comentar esse texto, Ellen G. White escreveu: “Não se coloquem como norma. Não façam de suas opiniões, de seus pontos de vista quanto ao dever e das suas interpretações da Escritura um critério para outros, condenando-os em seu coração se não atingem seu ideal. Não critiquem os outros, conjeturando seus motivos e formando juízos” (O Maior Discurso de Cristo, p. 86, [124]).
Essa questão pode ser ilustrada pelo daltonismo, um distúrbio visual que impossibilita a distinção de certas cores, principalmente o vermelho e o verde. Se mostrarmos um quadro a um daltônico, ele poderá dizer que esse quadro possui determinadas cores e, embora sincero, estará errado. Da mesma forma, algumas pessoas podem estar sendo inteiramente sinceras ao avaliar certos fatos, mas o que pensam e dizem não corresponde à realidade.
A Bíblia apresenta o exemplo dos amigos de Jó. Eles vieram de longe e gastaram recursos e tempo para estar com ele em seu momento de perda e dor. Eles eram, de fato, amigos. Contudo, por causa de sua percepção equivocada a respeito da vida e de Deus – que era fruto da época e do lugar em que viviam –, eles começaram a imaginar a razão de Jó haver sofrido tantas perdas e calcularam seus motivos. Então, em vez de o consolarem, como haviam planejado, eles acrescentaram aflição a quem já sofria intensamente.
Você não pode parar de julgar, mas quando o fizer, não julgue os motivos dos outros. Deixe isso com Deus. Cuide dos seus motivos. Pode haver uma trave no seu olho. Ela precisa ser tirada.