Segunda-feira
27 de janeiro
Nas mãos de Deus
Mesmo na sua velhice, quando tiverem cabelos brancos, sou Eu Aquele, Aquele que os susterá. Eu os fiz e Eu os levarei. Isaías 46:4

A vida nos surpreende sempre. Nós nos preparamos para uma coisa e algumas vezes nos acontecem outras, ou acontecem tantas coisas agregadas àquela a qual nos preparamos que nos cabe somente viver. Quando revejo algumas situações, é como se eu fizesse parte de uma história contada por outros. Como se o ambiente seguisse suas trilhas, e eu estivesse ali como atriz coadjuvante. Senti-me assim em diferentes situações.

Uma dessas situações aconteceu quando eu estava tentando entrar no doutorado. Viajei para fazer uma entrevista. No aeroporto, encontrei um de meus alunos indo para a mesma cidade. Ele iniciaria um curso. Como ele não conhecia a cidade, e eu sim, ficamos de nos encontrar no dia da minha entrevista.

No dia combinado, seguimos para a universidade. Minha entrevista seria às 17 horas, mas nos encontramos às 10 horas da manhã. Almoçamos com um amigo meu que nos convidou para conversar com o professor que tem interesse em pesquisar na Amazônia, onde morávamos. Durante a conversa, o professor nos indicou um outro especialista na área de interesse de meu aluno.

Naquele momento, comecei a desconfiar que havia algo além de uma conversa casual e uma indicação. Comecei a sentir a mão de Deus sobre nós. A partir disso, houve uma sequência de eventos que ajudaram meu aluno em seu projeto.

Como disse Saint-Exupéry, o “essencial é invisível para os olhos”. Eu não havia me preparado para aquela situação. Em pouco tempo – um intervalo de apenas 3 horas – visitamos dois laboratórios, conversamos com professores, técnicos, estudantes, engenheiros, fomos indicados por três vezes a outras pessoas da área, visitamos a biblioteca, conversamos com uma amiga, fomos de um instituto a outro duas vezes. Um turbilhão, um redemoinho que nos envolvia. Parecia que não andávamos, mas flutuávamos de um local a outro; todas as portas se abriam.

No início estive temerosa, por não compreender o alcance e o inusitado da situação. No entanto, como disse anteriormente, viver é sempre minha opção. E deixei-me levar, literalmente. A cada indicação, seguíamos. Sentia que não era propriamente para mim, mas para o meu aluno. Entendi o que é ser um “instrumento de Deus”! Pairavam no ar a confiança, a esperança, a certeza de estarmos em “boas mãos”.

Hoje, ao relembrar, ainda me sinto como uma criança nas mãos divinas.

Lilian Cristiane Almeida dos Santos