A vida de Jacó foi marcada por lutas. Ainda na barriga da sua mãe, o menino já brigava com o irmão gêmeo, provocando náuseas terríveis em Rebeca. No “ultrassom” divino, veio a revelação profética: “Duas nações estão no seu ventre […]; um povo será mais forte do que o outro, e o mais velho servirá ao mais moço” (Gn 25:23, NAA).
Dito e feito. Após o nascimento de Esaú, o primogênito ruivo e peludo, nasceu Jacó, sem pelos e sem paciência, agarrado ao calcanhar do irmão. Opostos em vários sentidos, aqueles meninos cresceram acostumados a brincar e brigar. Para piorar a situação, os pais tiveram as suas preferências: enquanto Isaque amava mais Esaú, por causa da caça que trazia, Rebeca se aproximou mais do pacato Jacó.
Certo dia, Jacó fez jus ao significado do seu nome. Ele enganou o pai e o irmão. Com pelos de cabra grudados no corpo e usando as vestes da hipocrisia, Jacó usurpou o direito à primogenitura que pertencia a Esaú. A trapaça lhe custou caro. Nunca mais veria o rosto da mãe e, em algum momento, teria que encarar a vingativa face de Esaú.
Tempos depois, já casado e com filhos, Jacó recebeu a notícia de que Esaú vinha ao seu encontro acompanhado por um exército. Parecia ser a batalha final. Naquela noite, Jacó não dormiu. Após passar a sua família pelo vale do rio Jaboque, ele permaneceu ali, sozinho. De repente, apareceu um Homem que lutou com ele até o amanhecer (Gn 32:24). Era o próprio Jesus que, em forma humana, havia descido para batalhar com Jacó.
Na Bíblia, não encontramos Deus lutando corporalmente com pessoas. Mas com Jacó Ele fez isso, pois, naquele momento, essa era a única linguagem que o patriarca entenderia. Nessa luta desproporcional, o Todo- Poderoso simulou fraqueza, permitindo que Jacó prevalecesse até o raiar do dia. Até que, em um ato de misericórdia, Deus tocou-lhe a coxa e a alma, deixando marcas permanentes. Após reconhecer o Oponente divino, Jacó Lhe suplicou uma bênção. Ele a recebeu ouvindo o sussurro de um novo nome: Israel.
No dia seguinte, em vez da vingança de Esaú, Jacó viu nele a face do perdão. É isso o que acontece quando “lutamos” com Deus. Ele desarma as nossas batalhas e nos faz vencedores.