Tenho admirado mulheres de oração tanto da Bíblia quanto de minha vida: minha mãe, Sergeneide, e minha sogra, Júlia. Também havia minha amada avó, antigamente Maria das Dores, mas agora Maria de Jesus, que era seu nome missionário.
Quando eu era criança, minha avó vinha nos visitar a cada ano. As semanas que ela passava conosco eram inesquecíveis, com muitos passeios e histórias na hora de dormir. Ela sempre nos comprava pipoca e presentinhos, mas o mais importante era sua presença forte e contagiante.
Em uma quarta-feira à noite, ela se vestiu como de costume, com suas roupas brancas de igreja, impecavelmente passadas. Seu cabelo estava arrumado com uma trança lateral e ela estava usando perfume. Minha irmã, Gabrielle, e eu também tínhamos colocado nossos vestidos de ir à igreja. Estava frio, mas o riso ecoava na rua escura e aquecia nosso coração. Na igreja, antes do sermão, um ancião se levantou e perguntou quem estava responsável pela música especial naquela noite. O silêncio e a hesitação tomaram conta do lugar.
Então a vovó Maria de Jesus pegou minha irmã e a mim pela mão e marchou em direção ao púlpito. Ela abriu o hinário no hino “O Jardim de Oração” (Hinário Adventista, no 418). Sua voz era forte, o silêncio solene, e nossas vozes infantis cantaram a melodia celestial com ela. Ainda me lembro das palavras:
Meu Jesus num jardim ’stá esperando,
Num lugar de eternal perfeição;
Ele é luz e Sua glória cintila,
Neste lindo jardim de oração.
Então a igreja se uniu a nós em louvor. Foi tão bonito!
De volta para casa, vovó nos colocou para dormir com as doces palavras: “Durmam com os anjos.” Sei que eles estavam lá, porque tinham cantado conosco naquela noite especial. Ao adormecer, sonhei que estava com Jesus no jardim onde não haverá mais noite, nem frio, nem distâncias, nem tristeza. Logo estaremos com o Senhor naquele lugar de eternal perfeição.
Sarah Suzane Bertolli Gonçalves