A palavra “aliança” aparece várias vezes na Bíblia. Na língua hebraica, o principal termo é berit, que significa “concerto”, “pacto”. Provavelmente seja uma palavra de origem acadiana, biritu, que significa “prender”, “acorrentar”. Ela ilustra o relacionamento de compromisso que Deus deseja ter com Seus filhos.
De acordo com Palmer Robertson, “aliança é uma ligação ou união baseada em sangue e administrada de modo soberano por Deus”. Perceba que o aspecto básico da aliança é unir dois componentes distintos: Criador e criatura. Uma parte se une à outra em um compromisso que envolve juramento. Nesse processo, é Deus quem procura o ser humano e é Ele quem administra, de forma soberana, a aliança e seus termos. A aliança, portanto, é baseada na graça divina, não na iniciativa humana.
Além disso, é bom entendermos que a aliança é algo sério que envolve derramamento de sangue, ou seja, é uma questão de vida ou morte. No Antigo Testamento, encontramos a expressão hebraica karat berit, que significa “cortar aliança”. Parecem duas ideias antagônicas, não é mesmo? “Cortar” e “unir”? Em certo sentido, a aliança que Deus faz conosco nos “corta” das amarras do pecado e nos une à única Fonte de vida.
Quando Abraão fez uma aliança com Deus, ele foi convidado a realizar um cerimonial em que animais foram cortados ao meio e o sangue foi derramado. Naquela ocasião, descrita em Gênesis 15, o próprio Deus passou por entre os animais cortados, indicando que havia aceitado a oferta de Abraão. Isso é extraordinário, pois, mesmo sabendo que o idoso patriarca poderia falhar, o Senhor fez um juramento a ele.
Outro aspecto importante da aliança é que, geralmente, ela era ratificada com comida. Esse conceito é interessante, pois, na antiguidade, eram os seres humanos que “alimentavam” as divindades a fim de conseguir favores, como chuva e prosperidade. Na teologia bíblica, porém, é Deus quem dá comida ao povo. Gênesis 1, por exemplo, apresenta o cardápio divino. Em Êxodo, o Senhor dá maná para Israel. No Novo Testamento, Cristo institui a Santa Ceia e apresenta o pão e o suco como símbolos da “nova aliança”.
É assim que Deus trata os Seus filhos: Ele nos salva do pecado e ainda celebra conosco o banquete da graça.