O mexicano Roberto Bolaños é considerado um dos maiores comediantes de todos os tempos. Além de ator e roteirista, ele era cantor, compositor, engenheiro, entre outras atribuições. Esse gênio das artes ganhou fama internacional ao criar e protagonizar as séries Chaves e Chapolin. Neste último seriado, Bolaños fazia o papel de um herói às avessas, atrapalhado, medroso e que criava mais problemas do que soluções.
A Bíblia também conta a história de um anti-herói chamado Jonas. Natural de Gafe-Hafer, cidade que ficava no reino do Norte, ele profetizou entre os anos 793 e 753 a.C. Ficou conhecido pelo estigma de “profeta fujão”, pois deixou Deus falando sozinho e partiu em direção a Társis, o ponto contrário mais distante. Em vez de pregar em Nínive, Jonas fugiu de Deus e da missão.
O livro de Jonas é carregado de humor, absurdos e sátiras. Só para se ter uma ideia, a expressão “grande” ocorre 38 vezes na narrativa, o que salienta a natureza irônica do relato. Grande tempestade, grande peixe, grande cidade… Tudo isso se transformou em um grande pesadelo para Jonas. A Lei de Murphy diz que “se algo pode dar errado, dará”. Essa acabou sendo a sorte do profeta azarado. Do interior do navio, Jonas foi parar no ventre do grande peixe. Ali passou três dias e noites literalmente “intragáveis”.
No livro Graça Surpreendente, Philip W. Dunham declarou que, “de todos os povos e coisas mencionados no livro – a tempestade, o sorteio, os marinheiros, o peixe, os ninivitas, a planta, a lagarta e o vento leste –, o profeta foi o único a se recusar a obedecer a Deus”. Nem mesmo após o incrível livramento da cidade de Nínive Jonas caiu em si e mudou de postura.
Mas sabe o que é mais interessante nessa história? Apesar da teimosia do profeta, Deus não o abandonou. E assim como o Senhor demonstrou misericórdia aos ninivitas, poupando-os do juízo, também amou Jonas. Infelizmente não sabemos se houve uma “conversão” do profeta, pois o livro termina “em aberto”. Talvez essa conclusão seja intencional, transferindo ao leitor a responsabilidade de completar essa história com as próprias escolhas.
E você? Que tipo de “herói” é? Você tem cumprido a sua missão?