Usando um longo pilão de madeira, eu socava o trigo até que se tornasse farinha. Eu precisava de farinha – naquele posto missionário na África – a fim de fazer pão sem fermento para a Santa Ceia. Depois, com uma velha receita prática da missão e um pesado rolo para massa de macarrão, eu me inclinava sobre o estreito balcão da cozinha e alisava em finas camadas os grandes punhados da mistura de farinha, sal e óleo de amendoim. Um teimoso grão de sal rusticamente moído sobre minha língua ativava as glândulas salivares e me fazia antecipar a experiência da Santa Ceia.
Minha expectativa aumentava à medida que as pontas dos meus dedos, besuntadas de óleo, acomodavam a massa cor de caramelo aos cantos das assadeiras de biscoito. Eu visualizava meu polegar e dedo indicador, dali a vinte e quatro horas, tomando da salva o pedacinho de pão com aroma de terra. E previa como, ao final do sermão, seu sabor “farinhento” abrandaria meu apetite persistente. Assim, estendi a massa e esperei ter feito o suficiente para servir oito famílias da equipe e mais de cento e cinquenta estudantes.
Toda vez que eu sentia o aroma da massa úmida assando, frases surgiam em minha mente: “Eu sou o pão da vida; o que vem a Mim jamais terá fome” (João 6:35, ARA). “Isto é o Meu corpo” (1 Coríntios 11:24). E me perguntava: “O que isso tudo significa para mim na vida diária?” Ao lado da Bíblia aberta, certa manhã fria, o lampião a querosene lançou nova luz sobre as antigas palavras: “O que vem a Mim jamais terá fome.” Li as palavras novamente. Ali estava a resposta simples, mas profunda, para minha antiga pergunta!
Vem a Mim. O pão da Santa Ceia diz respeito a abrir-me inteiramente a um relacionamento! “O que a comida é para o corpo, deve ser Cristo para a alma. […] Cristo fica sem valor para nós, se O não conhecemos como Salvador pessoal” (E. G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 389). O símbolo do pão também diz respeito a passar tempo com Ele ao longo de cada dia. Diz respeito a me aproximar Dele com oração e meditação em Sua Palavra. Diz respeito a fazer sábias escolhas subsequentes, ao estender renovada nutrição e energia providas pelo Pão aos pormenores corriqueiros da vida cotidiana.
Jamais terá fome. O símbolo do sagrado pão também promete que, em troca de abrir o coração, Jesus satisfará a mais profunda fome da minha alma.
Carolyn Rathbun Sutton