Diz a lenda que, se você quiser cozinhar um sapo vivo, basta pô-lo em uma panela de água fria a fogo baixo. A temperatura aumentará aos poucos. O sapo suportará o calor bravamente e, depois, será tarde demais para escapar. Talvez essa história não seja uma realidade em relação aos sapos, mas ilustra as estratégias equivocadas que, por inércia, às vezes adotamos, deixando de reagir diante do perigo. Quando a Bíblia diz que pela contemplação somos transformados, ela está, de certa forma, nos advertindo do risco de nos tornarmos como sapos fervidos.
Hollywood sabe como nos cozinhar em banho-maria. Assim como sapos escaldados, você e eu, depois de vermos filmes protagonizados por mentes criminosas, temos a sensação de que há alguém nos seguindo ou nos observando secretamente. Depois de tantas histórias de traição, começamos a desconfiar das pessoas que amamos. Depois de muitas “cenas fortes”, sentimos como se um acidente nos esperasse no próximo cruzamento e os maus estivessem à solta por toda parte. Tememos balas perdidas, convivemos silenciosamente com o tráfico de drogas, sonhamos em ficar ricos da noite para o dia e desejamos aventuras radicais que só seriam possíveis, de fato, em um mundo fantástico ou em nossa imaginação fértil. O olhar insistente e complacente para uma tela sedutora tanto transforma o modo como você vê quanto mexe com a pessoa que você é.
E isso não é o pior. Esse tipo de “alimento” nos deixa com fastio da Palavra de Deus, a qual, às vezes, por isso mesmo, consideramos um “pão vil” (Nm 21:5, ARC). No entanto, “nada há mais apropriado para fortalecer o intelecto do que o estudo das Escrituras. Nenhum livro é tão capaz de elevar nossos pensamentos e dar vigor às faculdades como as grandiosas e enobrecedoras verdades da Bíblia. Se a Palavra de Deus fosse estudada como deveria ser, as pessoas teriam uma mente mais esclarecida, um caráter mais nobre e firmeza de propósito, coisas raramente vistas nos dias de hoje” (Caminho a Cristo, p. 79 [90]).
Hoje, eu oro para que você e eu fiquemos atentos ao termostato da nossa consciência e, se a temperatura aumentar demais, clamo para que não hesitemos em fazer a coisa certa: pular fora.