Uma religião legalista é insuficiente para colocar a pessoa em harmonia com Deus. A dura e rígida ortodoxia dos fariseus, destituída de contrição, ternura ou amor, era apenas uma pedra de tropeço aos pecadores. Eles eram como o sal que se tornara insípido; pois sua influência não tinha poder algum para preservar o mundo da corrupção. A única fé verdadeira é aquela que “atua pelo amor” (Gl 5:6) para purificar o coração. É como o fermento que transforma o caráter. […]
O profeta Oseias indicara o que constitui a própria essência do farisaísmo: “Israel é uma vide frondosa; dá fruto para si mesmo” (Os 10:1, ARC). Em seu professo serviço a Deus, os judeus estavam na verdade trabalhando para o próprio eu. A justiça deles era o fruto de esforços próprios para guardar a lei, segundo suas ideias, e para o benefício pessoal e egoísta. Por essa razão, a lei não poderia ser melhor do que eles mesmos. Em seu esforço por se tornarem santos, procuravam tirar uma coisa pura de outra imunda. A lei de Deus é santa como Ele próprio é santo, perfeita como Ele é perfeito. Ela apresenta às pessoas a justiça de Deus. É impossível ao ser humano, por si mesmo, guardar essa lei; pois a natureza humana é depravada, deformada e inteiramente oposta ao caráter divino. As obras do coração egoísta são como coisa imunda; e “todas as nossas justiças, como trapo da imundícia” (Is 64:6).
Embora a lei seja santa, os judeus não podiam atingir a justiça pelos esforços próprios para guardar a lei. Os discípulos de Cristo precisam alcançar a justiça de um caráter diverso da justiça dos fariseus, se quiserem entrar no reino do Céu. Em Seu Filho, Deus lhes oferecia a perfeita justiça da lei. Caso abrissem plenamente o coração para receber a Cristo, a própria vida de Deus, Seu amor, habitaria então neles, transformando-os à semelhança do Pai; e assim, mediante o dom gratuito de Deus, passariam a ter a justiça exigida pela lei. Entretanto, os fariseus rejeitaram a Cristo; “desconhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer sua própria justiça” (Rm 10:3), não se submeteram à justiça divina.
Jesus Se pôs a mostrar a Seus ouvintes o que significa observar os mandamentos de Deus – que isso é uma reprodução, em si mesmos, do caráter de Cristo. Pois Deus Se manifestava em Cristo diariamente aos olhos deles (O Maior Discurso de Cristo, p. 53-55).