O amanhecer do dia 30 de novembro de 2022 foi longo, pois, naquele dia, minha filha, minha primogênita Luísa, nasceria. A ansiedade era forte demais para ter uma boa noite de sono. Finalmente chegou o momento; às 11h57 ela nasceu. Mas nada saiu como o esperado e sonhado. Luísa nasceu com todas as complicações de uma diabetes gestacional que não fora diagnosticada no decorrer da gestação. Da sala de parto, foi direto para a UTI neonatal, onde ficou por 20 dias, entre altos e baixos, e depois veio a óbito.
Em janeiro de 2023 fi z uma oração. Naquela oração falei para Deus que eu aceitava tudo o que tinha acontecido com a Luísa, crendo que Ele sabia e tinha permitido acontecer. Mas, na mesma oração, falei para Deus outras duas coisas: (1) que eu queria terminar 2023 grávida novamente, e (2) que se não fosse pedir demais, eu queria ter outra menininha.
O ano de 2023 foi passando. Vivi minha licença-maternidade do jeito mais difícil, sem um bebê em casa. Esse período serviu para viver o meu luto, juntar os pedacinhos do meu coração e recomeçar. Foi doloroso. Eu passava a maior parte dos dias sozinha. Mas, em todo momento, Deus estava me amparando.
Em meados de setembro de 2023, resolvemos tentar outro bebê. No primeiro atraso menstrual, deu aquele friozinho na barriga. Comprei um teste de farmácia, e, para minha surpresa, deu negativo. Pensei que poderia estar cedo demais. Esperei mais uns cinco dias e comprei mais dois testes. Fiz um segundo teste, e outro negativo. Guardei o terceiro teste para uma outra ocasião. Até pensei em fazer aquele outro teste no dia em que a Luísa completaria seu primeiro ano de vida.
O dia do aniversário chegou, e não, não fiz o teste naquele dia. Meus pais moravam em outra cidade, e meu pai veio passar o dia comigo, para que eu não ficasse sozinha. Fomos almoçar fora, andamos bastante, tentando não ficar pensando em tudo o que não poderíamos viver.
Naquela noite passei mal e fomos para o hospital. Achamos que fosse o resultado de algo que eu havia comido na hora do almoço. Três dias depois, com um atraso menstrual persistente, resolvi pegar aquele teste de farmácia guardado, só por desencargo de consciência.
Cristiane Paulino Franco Mesquita