Adoro ouvir a chuva no telhado a qualquer hora do dia ou da noite. De alguma for- ma, ela é muito reconfortante. Contudo, chuva demais levará as estradas, pode transbordar as calhas e inundar meu canteiro de flores. A chuva faz com que os vermes saiam do chão e morram no asfalto duro. A chuva pode arruinar um casamento ao ar livre ou um jogo de golfe. De algum lugar da minha infância eu me lembro do ditado: “Chuva, chuva, vá embora, volte uma outra hora.”
Em uma das muitas visitas agradáveis à casa da minha filha e da minha neta, a cerca de meia hora de carro da minha casa, tive o privilégio de experimentar outro dos doces prazeres de uma criança, dessa vez relacionado à chuva.
Minha fi lha decidiu nos convidar para jantar na cidade. Estava chovendo forte. En- quanto atravessávamos a cidade, discutimos as vantagens e desvantagens do aguaceiro. Mencionei que era uma bênção. Eu disse: “Tenho tantas coisas para fazer, mas agora não vou precisar regar meu jardim amanhã”.
Minha filha disse brincando: “Sim, e agora não preciso lavar meu carro”.
Tudo estava quieto no banco de trás onde minha neta de oito anos estava sentada, mas ela devia estar nos ouvindo conversar. De repente, muito docemente, ela se manifestou, ergueu os braços no ar e disse: “Oh, obrigada, chuva!” Depois ela ficou quieta novamente.
Eu disse a ela: “Sim, todos podemos ser gratos pela chuva.”
Por muitos dias, refleti sobre o que ela havia dito e tentei pensar e sentir do jeito que ela deve ter pensado. Por um lado, ela é uma criança muito esperta e pensa muito sobre sua vidinha, em geral. Por outro (conhecendo-a), ela havia percebido que sua mãe e sua avó não teriam que trabalhar tanto por causa da chuva – a chuva havia resolvido as coisas para elas. Agora minha neta está prestes a completar dezesseis anos e ainda é amorosa e carinhosa, assim como nosso Pai celestial.
Ele pensa em nós e cuida de nós o tempo todo. E Ele ainda quer que, com gratidão, retribuamos o favor sendo fiéis a Ele.
Vidella McClellan