Onri foi um paradoxo. Por um lado, ele trouxe unidade à nação, força militar e publicidade internacional. Por outro lado, seu sucesso foi tremendamente carnal, a ponto de ser considerado pior que todos os seus antecessores.
Seu nome é mencionado em várias inscrições do Antigo Oriente Médio. A mais extensa é a Estela de Mesa, que está no Museu do Louvre. Nela, o rei moabita conta como se livrou da dinastia de Onri, que havia expandido o reino de Israel e subjugado Moabe.
Esse relato extrabíblico confirma o que está em 2 Reis 3:4 e 5: “Mesa, rei dos moabitas, era criador de gado e pagava o seu tributo ao rei de Israel com cem mil cordeiros e a lã de cem mil carneiros. Mas depois da morte de Acabe [filho de Onri], o rei dos moabitas se revoltou contra o rei de Israel.”
O fracasso espiritual de Onri começou com sua ascensão ao poder, que ocorreu por meio de um levante. Após a morte de Salomão, aqueles que estavam justamente revoltados contra Roboão tomaram o poder no Norte, liderados por Jeroboão, que considerava legítimo se opor ao rei. Em
seguida, Baasa derrubou a dinastia de Jeroboão, e depois Zinri matou o filho de Baasa. Onri foi coroado para impedir que Zinri ascendesse ao poder.
Cada revolução enfraquecia moral e espiritualmente o reino. Reinados curtos, instabilidade e traição política tornaram-se rotina. Isso é o resultado da tentativa humana de viver pela astúcia em vez de pela sabedoria de Deus, acumulando ruína e desastre para o povo.
Quando a Bíblia afirma que Onri foi pior do que seus antecessores, está indicando que ele não tinha justificativa para seus atos, pois a história de seus predecessores já estava documentada, incluindo as consequências de suas ações. No entanto, Onri, parafraseando Edmund Burke, negligenciou o conhecimento da história, por isso acabou repetindo-a.
A dinastia que Onri fundou superou todas as anteriores em iniquidade, a ponto de “os estatutos de Onri” se tornarem expressão idiomática para descrever uma má conduta: “Vocês observaram os estatutos de Onri” (Mq 6:16). Que pena! Devemos prestar atenção aos erros do passado, como os de Onri. Não somos obrigados a repeti-los no presente.