Sábado
28 de junho
PALAVRAS VÃS
Digo a vocês que, no Dia do Juízo, as pessoas darão conta de toda palavra inútil que proferirem. Mateus 12:36

Jesus era muito claro em Suas mensagens, mas ocasionalmente proferia frases ambíguas que levavam os discípulos a questionar seu significado. O texto de hoje é um exemplo disso. Algumas traduções mencionam “toda palavra ociosa” ou “frívola”. Será que até uma simples piada seria condenável aos olhos de Jesus?

O termo grego que aparece em Mateus 12:36, traduzido como “inútil”, é argon, e se refere a falas comuns, às vezes inconsequentes. O apelo do Mestre é para que reflitamos, tanto quanto possível, antes de declarar nossos posicionamentos, a fim de reduzir os riscos de erro e arrependimento, especialmente em momentos de raiva.

Frases descuidadas podem ser aquilo que Freud chamava de “ato falho”, isto é, um equívoco provocado pelo inconsciente que revela na fala ou nos gestos um desejo oculto que o sujeito tenta não demonstrar. É o caso, por exemplo, da jovem que confunde o nome do noivo com o do ex-namorado.

Sabe aquele provérbio que diz: “Acuse-os do que você faz, chame-os do que você é”? Esse é um bom exemplo de ato falho cometido por quem é pródigo em dizer palavras inúteis ou sem reflexão. Mas, veja, a advertência de Jesus não implica pensar duas vezes no que se fala para ocultar sentimentos escusos. Pelo contrário, o intento do Senhor ao nos alertar contra as palavras inúteis, isto é, impensadas, é que procuremos ter uma consciência clara de nós mesmos a fim de não acariciarmos sentimentos ruins no inconsciente.

Jesus parece ter ido além da constatação de Freud. Sentenças descuidadas podem ser o sintoma de algo maior que precisa ser resolvido. Por isso, na sequência, o Mestre concluiu: “Porque, pelas suas palavras, você será justificado e, pelas suas palavras, você será condenado” (v. 37). As palavras, especialmente aquelas ditas espontaneamente, são apenas um sintoma, bom ou ruim, do que se passa no coração das pessoas. Portanto, reflita em oração com Deus: “O que meu vocabulário está dizendo acerca do que vai dentro de mim?”