Terça-feira
13 de junho
Papel torcido – língua torcida
Semelhantemente, a língua é um pequeno órgão do corpo, mas se vangloria de grandes coisas. Vejam como um grande bosque é incendiado por uma simples fagulha. Tiago 3:5

Quando eu tinha 4 anos de idade, minha irmã e eu estávamos limpando nosso quarto. Deram-me a tarefa de esvaziar o cestinho de lixo dentro de um maior, no banheiro. Para chegar ao banheiro, eu precisava passar pela sala e a cozinha. Naquele dia, que logo se tornaria inesquecível, passei pelo fogão na cozinha. O fogo aceso me chamou a atenção.

Parei e olhei, hipnotizada pelos ondulantes padrões e esporádicas cintilações de amarelo faiscando no meio das chamas azuis. Não havia ninguém por perto. Então, abri o cestinho de lixo que segurava e tirei um pedaço de papel. Torci o papel e o levei à chama. Meu plano era acender o fogão, como tinha visto minha mãe fazer tantas vezes antes. O fogo tomou conta do papel torcido na minha mão. Rapidamente eu o joguei de volta no cesto de lixo, pensando que a chama se apagaria. Esvaziei o cestinho no cesto maior do banheiro e trouxe de volta o pequeno cesto ao nosso quarto. Senti a confiança de ter feito algo que eu queria muito tentar, já fazia tempo.

– Cheiro de fumaça! – disse meu tio, que estava em outro cômodo da casa. E saiu seguindo o cheiro até chegar ao fogo ainda queimando no cesto de lixo do banheiro, extinguindo-o antes que causasse um dano maior.

– O que aconteceu? – ele perguntou, apontando para as riscas de fuligem na parede.

– Bem – eu disse –, deve ter sido um papel torcido ou alguma coisa saindo para fora do cestinho de lixo que eu estava esvaziando. Talvez ele tenha pegado fogo quando passei pelo fogão. – Nunca me ocorrera que algo que me faria sentir tão adulta pudesse ser tão perigoso. Embora tendo sido poupada de um dano físico, meu constrangimento era tão óbvio quanto a parede com fuligem no banheiro.

Desde então, sempre me pergunto se uma língua “torcida” não se parece com aquele pedaço de papel torcido. Muita língua já acendeu um grande fogo, danificando emoções e carbonizando relacionamentos além da possibilidade de reparo. Embora devêssemos ter mais bom senso, às vezes deixamos cair uma palavra ardente sobre alguém nos ouvidos de outra pessoa, achando que o fogo simplesmente se apagará. Com demasiada frequência, porém, as vorazes chamas deixam uma “fuligem” espiritual na parede de corações e reputações. Somente a discrição, compaixão e uma língua santificada pelo Céu podem extinguir os fogos ateados por línguas torcidas.

Marea I. Ford