Os movimentos de pessoas que abandonam seu local de origem e se dirigem a outro lugar do mundo em busca de refúgio têm sido chamados ultimamente de transmigração. Esses deslocamentos não são mais unicamente de saída ou entrada; indicam mobilidade em múltiplas direções. Em outras palavras, em todos os lugares e circunstâncias existem seres humanos deslocados do lugar em que nasceram ou cresceram. Sempre há estrangeiros peregrinando longe de casa.
Por duas ocasiões, eu (Ailton) vivi essa realidade bem de perto. A primeira experiência foi com imigrantes haitianos. A maioria se deslocou para o Brasil por causa do grave terremoto que abalou o Haiti no ano 2010. A segunda experiência foi com imigrantes venezuelanos no estado de Roraima. Essa onda migratória foi motivada especialmente pela crise econômica e política vivida na Venezuela.
Em ambos os casos, há uma conclusão óbvia: o estrangeiro necessita de amparo e generosidade das pessoas. Muitos viajavam a pé por longos dias, carregando crianças no colo, com pouca roupa, água escassa e quase nenhum alimento. Outros tinham a ilusão de que o país que os acolheria seria um paraíso e que as coisas seriam mais fáceis. A realidade é que encontraram falta de oportunidades de emprego e muita dificuldade para sobreviver.
Quantas vezes meu coração sangrou ao ver crianças na rua, sem comida, roupa ou abrigo? Nesses momentos, um pedido gritava em meu peito: volte logo, Jesus! O sofrimento do mundo é insuportável.
Na Bíblia, a orientação de Deus é clara sobre a necessidade de os residentes ampararem e auxiliarem o peregrino. Se isso não for possível por algum motivo, o mínimo a fazer é não afligi-los nem molestá-los.
A preocupação bíblica com o estrangeiro ainda ecoa fortemente hoje. É fundamental que nossos olhos estejam concentrados nas necessidades de quem está longe de casa e, por isso, está vulnerável e carente de ajuda em muitos sentidos. O estrangeiro na Bíblia é uma lembrança de que precisamos amar as pessoas não só com o discurso, mas sobretudo com ações.